Uma das características típicas dos psicodélicos é que é difícil prever o efeito que eles vão causar em quem os ingere. Boa parte dos usuários passa por experiências inesquecíveis, quase sobrenaturais, de autoconhecimento intenso – há estudos que mostram que dois terços das pessoas que tomam psicodélicos classificam o ato como “um dos momentos mais significativos da vida”. Outra parcela, no entanto, vivencia momentos menos positivos: relatam sentir medo ou revisitam momentos tristes da vida, nas chamadas bad trips, que podem ser igualmente memoráveis e impactantes.
Pensando nisso – e no fato de que os psicodélicos seguem sua jornada de descriminalização nos Estados Unidos – uma organização não-governamental californiana chamada Fireside Project resolveu criar um canal de comunicação, por telefone ou whatsapp, exclusivo para aqueles que estão passando por uma bad trip. A ideia é que os usuários possam ter com quem conversar nos momentos delicados dos efeitos alucinógenos. Mas não só isso. A linha também oferece apoio para aqueles que estão acompanhando um amigo nessa situação ou para aqueles que querem discutir experiências do passado.
O Fireside Project tem o intuito de facilitar experiências psicodélicas positivas, além de minimizar os possíveis riscos. A chave para isso é a informação e o esclarecimento. Trinta e um voluntários passaram por um treinamento de 36 horas de duração para poder conversar com o público no canal de atendimento.
Segundo o fundador da instituição, Joshua White, graças à chamada “renascença psicodélica” e a busca por mais saúde mental, mais e mais pessoas estão consumindo essas substâncias. “As pessoas estão tomando essas drogas pela primeira vez. Muitas não fazem parte de uma comunidade psicodélica. Geralmente, elas não têm amigos, familiares ou terapeutas que já passaram por isso. Por isso, nós oferecemos apoio emocional”, diz Joshua. Como tudo que envolve drogas – ilícitas ou não – informação é um ponto crucial da experiência.