A hora e a vez dos psicodélicos para tratar depressão

Elas são seguras, eficientes e baratas – então por que não usá-las para tratar a depressão, uma das doenças mais preocupantes do planeta? É isso que se perguntou a versão americana da revista Scientific American, na edição de janeiro de 2021, em um grande artigo sobre substâncias psicodélicas.

O foco da revista ficou nos chamados “psicodélicos serotonérgicos”: substâncias como o LSD, a psilocibina (extraída dos cogumelos mágicos) e a DMT (presente na ayahuasca), as mais usadas em pesquisas para tratar a depressão. Além de citar estudos conduzidos em diferentes países que apontam para a sua eficácia, a Scientific American também destacou a segurança, o efeito a longo prazo e o baixo custo desses tratamentos.

Primeiro, peguemos a segurança. Diversos estudos já indicaram que seus efeitos adversos são leves e passageiros na imensa maioria dos casos, e incluem náuseas, vômitos, percepção de ilusão ou sensação de medo passageira, além de eventuais alterações cardiovasculares, mas quase sempre nos limites da normalidade. Já os antidepressivos tradicionais, usados diariamente de forma crônica, alteram a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos e, contraditoriamente, podem até aumentar o risco de suicídio entre seus usuários.

Também não há relatos preocupantes de overdose de psicodélicos. A revista cita o caso de uma mulher que, sem querer, ingeriu uma dose 550 vezes maior do que o usual de LSD. Ela seguiu normalmente a vida e sequer precisou de atendimento médico – e mais: percebeu uma melhora significativa nas dores crônicas que tinha, e conseguiu até diminuir a quantidade de morfina que tomava. Como comparação, o álcool pode causar óbitos com doses 5 a 10 vezes maiores que as comuns.

Os psicodélicos também são capazes de gerar efeitos positivos a longo prazo nos pacientes. Um estudo de 2015 feito com 190 mil participantes concluiu que quem tem histórico de ter ingerido psicodélicos na vida corre um risco menor de desenvolver pensamentos suicidas ou de cometer suicídio.

E, para completar, ainda compensa no bolso. Uma pesquisa econômica, que avaliou os gastos e benefícios do MDMA para tratar traumas, chegou à conclusão que, ao longo de 30 anos, o tratamento com psicodélicos pode significar uma economia de US$ 100 mil para cada paciente.

É bom lembrar que as substâncias usadas em pesquisas e tratamentos médicos não são as mesmas ingeridas recreativamente, em festas ou baladas. Pelo contrário, são medicamentos puros, produzidos em laboratórios com controle de qualidade farmacêutica.

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Fonte: https://www.scientificamerican.com/article/psychedelics-as-antidepressants/