A dependência química é um problema em todas as sociedades do mundo, mas, na Europa, ela é especialmente grave no Reino Unido. O Centre for Social Justice (uma organização sem fins lucrativos) chamou o país de “epicentro da dependência na Europa”. Por lá, quase 120 mil pessoas foram tratadas por abuso de substâncias entre 2019 e 2020, e estima-se que outras 500 mil com o mesmo problema sequer passem pelo sistema de saúde.
A taxa de sucesso das pessoas que recebem tratamento no Reino Unido também não é lá grandes coisas: mais da metade delas abandona os programas de reabilitação antes do final. As dificuldades estão na própria natureza dessas terapias, que podem se estender por anos, com períodos de internação intercalados por outros domiciliares. Não à toa, o governo britânico acaba gastando 36 milhões de libras esterlinas anualmente com a dependência (quase 300 milhões de reais).
Por isso, novos tratamentos à base de psicodélicos vêm se tornando a grande esperança por lá. O Conservative Drug Policy Reform Group, uma organização assumidamente conservadora, que advoga por uma reforma das políticas de drogas britânicas, cita diversos estudos feitos ao redor do mundo com LSD, psilocibina e MDMA com resultados positivos para dependência química. O grupo também dá destaque para a pesquisa desenvolvida pelo diretor do Instituto Phaneros, Eduardo Schenberg, PhD, em 2014, que ressalta a eficácia da ibogaína (uma substância extraída da raiz de uma planta africana) para tratar a dependência em álcool, cannabis, cocaína e crack.
O Conservative Drug Policy Reform Group acredita que as pesquisas com essas substâncias podem se provar revolucionárias para enfrentar o problema da dependência química – além de significar uma economia drástica para os cofres públicos. O que impede essa revolução, segundo eles, é a classificação dos psicodélicos como drogas ilegais. O caminho, então, é se basear em boa ciência e nos especialistas para uma reforma dessa classificação.