Os últimos anos têm testemunhado uma verdadeira onda de pesquisas científicas indicando que substâncias psicodélicas como o MDMA, a psilocibina (dos cogumelos mágicos), o LSD e a DMT (encontrada na ayahuasca) possam ser surpreendentemente eficientes para tratar distúrbios mentais. A lista de males que parecem responder bem aos tratamentos psicodélicos é imensa: vai da depressão ao estresse pós-traumático, do vício ao medo da morte em doenças terminais.
Mas por que essas substâncias parecem ajudar justamente nesses casos? O que todos esses distúrbios têm em comum é um grande componente mental e internalizante, de padrões de pensamentos repetitivos, que agravam os quadros. É o que os cientistas chamam de “ruminações” – pensamentos em círculo viciante.
Pacientes com trauma, por exemplo, tendem a reviver os eventos dolorosos que testemunharam e não conseguem quebrar o ciclo das memórias traumáticas. Quem tem depressão costuma pensar nos fracassos que viveu, e se afunda em autocrítica e culpa. Viciados ficam muito tempo pensando quando e como vão conseguir consumir de novo aquilo que necessitam.
Pesquisas com neuroimagem indicam que os psicodélicos possam agir justamente nos sistemas e circuitos cerebrais que controlam os pensamentos e comportamentos repetitivos. A experiência psicodélica muitas vezes inclui grandes “insights” ou revelamentos sobre a vida que, com a ajuda de acompanhamento psicoterapêutico, podem ajudar a recalibrar as associações de pensamentos negativos.
A hipótese foi descrita no artigo “The current Status of Psychedelics in Psychiatry” publicado na revista JAMA Psychiatry em julho de 2020. Trata-se apenas de uma possibilidade, mas seria uma forma de explicar por que esse tipo de tratamento funciona mesmo em durações curtas e esporádicas – sem a necessidade da ingestão contínua, como são os remédios psiquiátricos tradicionais.
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