Sim, foi isso mesmo que você leu. A Drug Enforcement Administration (DEA), a agência do governo dos EUA que combate o consumo e o tráfico de drogas, lançou essa semana uma nota propondo um aumento substancial na produção de psilocibina (o princípio ativo dos chamados cogumelos mágicos) e de maconha, para que possam ser usados em estudos científicos. As duas substâncias, no entanto, continuam classificadas como de “schedule I” pela própria agência – ou seja, ilegais e “sem nenhum uso medicinal aceito”.
O anúncio foi recebido por especialistas de forma controversa, com críticas e aprovação. Por um lado, houve quem visse na decisão da DEA um visível afrouxamento e uma disposição de reavaliar as classificações históricas dessas drogas. O fato de a agência querer disponibilizar maiores quantidades dessas substâncias para os centros de pesquisa científicos representa, de fato, uma mudança. “O aumento reflete a necessidade de realizar pesquisas, a fim de desenvolver potenciais novos medicamentos”, disse o anúncio feito essa semana. Ou seja, a própria DEA coloca no horizonte a possibilidade de essas substâncias se tornarem tratamentos reconhecidos e legalizados nos próximos anos.
Por outro lado, críticos apontaram a hipocrisia na decisão de autorizar a produção legal de maconha e psilocibina, sem no entanto alterar seu status legal. Trata-se de uma “estratégia desesperada da DEA para justificar sua própria existência, em um mundo no qual ela se tornou uma instituição obviamente obsoleta”, escreveu no Twitter o Psychedelic Stock Watch, uma agência de notícias que ajuda patrocinadores e empresas a investir no mundo dos psicodélicos
De acordo com a nova medida, a DEA vai permitir a produção de quase 2 toneladas de maconha, além de 1500 gramas de psilocibina – um aumento de 33% e 2900%, respectivamente, em relação ao ano anterior. No meio dessa discussão, fica a ciência, que certamente vai se beneficiar com o incentivo para pesquisas futuras.