O poder dos ritos

Instituto Phaneros

 

Os povos ameríndios já o sabem há séculos, desde tempos imemoriais. Mas só agora a ciência está chegando lá. O uso das plantas de poder, ou medicina da floresta (ou substâncias psicodélicas mesmo) é mais significativo quando dentro de um contexto comunitário. Pelo menos é isso que um grupo de pesquisa do Imperial College em Londres resolveu estudar. Os resultados saíram em janeiro de 2021 na revista Frontiers in Pharmacology. 

Os pesquisadores, liderados pelo israelense Leor Roseman, PhD, analisaram dados fornecidos online por quase 900 participantes de rituais com ayahuasca e cogumelos. Para isso, desenvolveram um questionário, chamado “Communitas Scale”, que mediu os impactos da experiência comunitária algumas semanas e dias antes e depois do evento. Os resultados confirmam que rituais realizados em grupos fazem com que as pessoas se sintam mais unidas e em pertencimento, compartilhando a experiência de serem humanas, estando conectadas entre si e aumentando o  bem estar. 

Os efeitos positivos na saúde mental foram sentidos por até quatro semanas depois dos rituais e eram mais evidentes nos casos em que participantes haviam compartilhado experiências e histórias de vida entre si. Quanto mais próxima era a relação entre os voluntários e os facilitadores das cerimônias, maior era também o impacto emocional positivo e a sensação de pertencimento.

Assim, os pesquisadores apontaram para possíveis limitações nos atuais estudos com psicodélicos, em que os pacientes passam pela experiência de maneira individual. Isso poderia restringir alguns aspectos do acontecimento e diminuir os benefícios gerados nas suas comunidades. Por outro lado, para pacientes graves e em casos específicos, como sobreviventes de abuso sexual, rituais em grupos podem ser extremamente desafiadores e talvez menos seguro. Como tudo na ciência, é importante que os métodos sejam criteriosos e confiáveis.