Primeiro estudo aponta eficácia de MDMA para tratar alcoolismo

Instituto Phaneros

 

Estima-se que o alcoolismo atinja até 10% da população brasileira, e que mate 3 milhões de pessoas anualmente ao redor do mundo. A doença afeta não só aqueles que sofrem dela, mas todos à sua volta, o que explica o grande anseio por um tratamento que seja seguro e eficaz. Atualmente, para tentar conter o vício em álcool, pacientes recebem medicamentos para diminuir os desejos incontroláveis e as recaídas, outros remédios para reduzir a ansiedade, e participam de sessões de psicoterapia. Ainda assim, na maioria dos casos os processos não são eficazes.

Mas agora, pela primeira vez, foram publicados os resultados de um estudo que analisou a segurança e a eficácia da psicoterapia assistida por MDMA no tratamento do alcoolismo. O artigo saiu em fevereiro de 2021 no Journal of Psychopharmacology.

O estudo, conduzido pelo Imperial College London e a Universidade de Bristol, acompanhou o tratamento de 14 pacientes com histórico de alcoolismo. Todos passaram por um programa de psicoterapia especializado em abuso de álcool, incluindo duas sessões de psicoterapia assistida por MDMA, em dose de 187,5 mg, durando cerca de 8 horas cada.

Os resultados foram animadores. Nenhum evento adverso grave foi registrado e a média de consumo de álcool caiu de 130 doses por semana para 19 doses, nove meses depois da terapia.

Como o alcoolismo é uma condição psiquiátrica grave e historicamente de difícil tratamento, os resultados abrem portas para novas pesquisas, que devem ser feitas com randomização e cegamento. A pesquisa publicada em fevereiro foi feita com desenho “aberto”, o que quer dizer que tanto voluntários quanto terapeutas sabiam que os pacientes estavam recebendo MDMA. Isso pode alterar os resultados, uma vez que vieses subjetivos influenciam na maneira como pacientes e médicos se comportam. Pesquisas futuras devem ser feitas com o uso de placebo e sem que os voluntários saibam o que estão ingerindo, conhecido como metodologia duplo-cego.

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