Psicodélicos e conhecimentos indígenas

instituto phaneros

Um longo artigo publicado no Truffle Report, @truffle_report, um portal dedicado a notícias que envolvem o mundo dos psicodélicos, deu destaque ao trabalho e aos pensamentos do diretor do Instituto Phanero, Eduardo Schenberg, PhD. O assunto? A história indissociável de psicodélicos como a ayahuasca e os cogumelos mágicos de seus lugares de origem: as sociedades indígenas e seus saberes tradicionais.

O texto dá destaque a um artigo publicado por Schenberg e o advogado Konstantin Gerber @konstantingerberadvocacia na revista Transcultural Psychiatry, sobre “injustiças epistêmicas” – quando uma pessoa ou um certo grupo de pessoas são vistos como incapazes de criar e compartilhar seus próprios conhecimentos. 

Em um certo sentido, é o que aconteceu com substâncias psicodélicas. Séculos antes de exploradores e cientistas ocidentais entrarem em contato com essas plantas, comunidades inteiras já se beneficiavam de seus efeitos – criando, inclusive, sistemas complexos e essenciais para o seu uso, com contextos comunitários e ritualísticos. No entanto, a partir do momento em que cientistas brancos levaram essas substâncias para os laboratórios, eles focaram apenas nos compostos químicos e descartaram os outros fatores e conhecimentos dos povos tradicionais.

Esse desdém pelo conhecimento que vem do outro é ligado ao perfil das pessoas que o produzem. “Está diretamente conectado a raça. Assume-se que sociedades tradicionais não saibam o que sabem porque são burras, indígenas, negras, consideradas ‘primitivas ou selvagens'”, disse Eduardo ao Truffle Report. 

Esse é também o cerne do artigo de Schenberg e Gerber. “Povos indígenas têm o direito de manter, controlar, proteger e desenvolver sua herança biocultural, seu conhecimento tradicional e suas expressões culturais, incluindo práticas médicas”, escreveram eles. 

Importante considerar ainda que nesse processo os próprios cientistas perdem conhecimento relevante, como por exemplo o descaso com a variedade botânica e de métodos de preparo da ayahuasca, totalmente ignorados na literatura científica.