A um passo da Psicoterapia Assistida por MDMA para tratar traumas

instituto phaneros

Um extenso artigo da revista Scientific American publicada em fevereiro de 2022 se debruçou sobre o longo caminho já traçado pela pesquisa científica com MDMA para tratar casos graves de estresse pós-traumático. Assinado por Jennifer M. Mitchell, professora do departamento de neurologia e psiquiatria da Universidade da Califórnia, o texto traz informações surpreendentes sobre os bastidores da pesquisa clínica em Fase 3 conduzida pelos nossos parceiros da @mapsnews, que foi a primeira do seu tipo a provar a eficácia a Psicoterapia Assistida por MDMA para tratar – e até curar! – o trauma grave de seus participantes.

Jennifer relembra as principais dificuldades para conduzir a pesquisa, da aprovação pelo FDA (a agência regulatória de saúde dos EUA) ao financiamento da pesquisa que, em algumas fases, se utilizou até de crowdfunding para ficar em pé. Por se tratar de uma droga ilegal, os pesquisadores também enfrentaram o desafio de encontrar um laboratório que produzisse de maneira confiável a substância – que costuma grudar em todo tipo de outros elementos – , sem contaminações.

Outro fator interessante dos bastidores se deu durante a seleção dos voluntários. Inicialmente, foram entrevistadas 1331 pessoas, que acabaram sendo eliminadas em subsequentes processos seletivos até sobrarem os 91 participantes aptos ao sorteio – metade receberia os psicodélicos e a outra metade, placebo. A todos foi explicado que, pela natureza dos efeitos alucinógenos do MDMA, dificilmente haveria confusão sobre se eles receberam a substância ou um placebo. Ainda assim, alguns do grupo do placebo juraram ter tomado o psicodélicos. 

Mas o que realmente surpreendeu foi a contundência dos resultados positivos. Depois de 18 semanas de tratamento e diversas sessões de psicoterapia, o estudo de Fase 3 concluiu que 67% das pessoas que ingeriram MDMA haviam se curado do estresse pós-traumático – contra 32% do grupo de controle. Outros 33% estavam em remissão dos sintomas. É nesses dados que Jennifer se agarra para ser otimista – e esperar ver em breve a primeira substância psicodélica ser aprovada como um medicamento regular.