A polícia civil do Rio Grande do Sul descobriu e interceptou um laboratório de cultivo de cogumelos na região norte da cidade de Porto Alegre em junho deste ano. Dentro de uma casa residencial, um pai e um filho estavam cultivando os chamados “cogumelos mágicos”. A ação fez parte da Operação Leprechaun (em referência ao duende vestido de verde do folclore irlandês), que investiga o tráfico de drogas sintéticas.
Dentro da casa, foram encontrados insumos, estufas, diversos telefones celulares, balanças de precisão e até dois revólveres com 20 munições. Havia um local para o cultivo dos cogumelos e também uma espécie de laboratório para encapsulamento do material desidratado. A polícia declarou que os dois acusados já trabalhavam na operação há pelo menos um ano e meio.
Resta saber se, de fato, o material comercializado continha ou não psilocibina e/ou psilocina, os princípios ativos destes cogumelos. Esta distinção é importante pois as moléculas estão nas listas de substâncias proscritas no Brasil, enquanto os próprios cogumelos não fazem parte das substâncias controladas, como acontece no caso da cannabis sativa, sendo a própria planta proscrita.
O material era vendido online em forma de cápsulas. Chamou a atenção da polícia a clientela de alto poder aquisitivo da dupla, que pagava entre R$ 200 e R$ 1400 por cada unidade.
O fato de a clientela dos psicodélicos ser formada justamente por pessoas de classes sociais mais elevadas faz com que sejam muito mais raras as operações policiais que foquem no combate dessas substâncias. As ações costumam se concentrar no tráfico de drogas de drogas mais “populares”, como a maconha, o crack ou até mesmo a cocaína. É essa distinção que torna a guerra às drogas um combate também às pessoas mais marginalizadas da sociedade: jovens pobres e negros, por exemplo.