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Será que o novo governo americano vai ser amigável aos psicodélicos?

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Eis a pergunta da revista Rolling Stone no começo desse ano. Será que a troca de presidentes por lá – de Donald Trump para Joe Biden – representaria também um cenário mais favorável para a regulamentação dos psicodélicos?

Segundo a publicação, há alguns procedimentos legais que um governo com um posicionamento mais progressista poderia fazer. Atualmente, diversos estados e municípios americanos têm aprovado por conta própria o uso terapêutico de psicodélicos ou, como é o caso dos estados de Washington e Colorado, até regulamentado o uso dessas substâncias para algumas situações. O que o governo federal poderia fazer nesse caso é emitir uma recomendação para que procuradores de instâncias superiores não tentem reverter as novas leis estaduais. Isso impediria, por exemplo, que decisões locais possam ser anuladas. 

Outra ação mais proativa poderia ser tomada pelo DEA (o Drug Enforcement Administration, o órgão que coíbe o tráfico e consumo de drogas nos EUA). Uma vez que alguns estados reconheceram em seus tribunais que, por exemplo, a psilocibina (o princípio ativo dos cogumelos mágicos) pode ter usos medicinais, a agência teria que abrir um processo interno para reavaliar se a substância realmente deveria continuar constando entre as drogas ilegais. Esse é um procedimento obrigatório do DEA, que deveria ser feito a partir do momento em que qualquer substância passa a ser reconhecida como medicinal. Ainda assim, o órgão não o fez para a maconha – que está em um estado muito mais avançado de regulamentação.

É por dificuldades como essa que diversos especialistas entrevistados pela revista americana não acreditam que o governo Biden vá ter uma atitude tão contundente em relação ao tema quanto se gostaria. Agora só resta esperar para ver.

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Tratamentos psicodélicos são a esperança para tratar a dependência no Reino Unido

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A dependência química é um problema em todas as sociedades do mundo, mas, na Europa, ela é especialmente grave no Reino Unido. O Centre for Social Justice (uma organização sem fins lucrativos) chamou o país de “epicentro da dependência na Europa”. Por lá, quase 120 mil pessoas foram tratadas por abuso de substâncias entre 2019 e 2020, e estima-se que outras 500 mil com o mesmo problema sequer passem pelo sistema de saúde.

A taxa de sucesso das pessoas que recebem tratamento no Reino Unido também não é lá grandes coisas: mais da metade delas abandona os programas de reabilitação antes do final. As dificuldades estão na própria natureza dessas terapias, que podem se estender por anos, com períodos de internação intercalados por outros domiciliares. Não à toa, o governo britânico acaba gastando 36 milhões de libras esterlinas anualmente com a dependência (quase 300 milhões de reais). 

Por isso, novos tratamentos à base de psicodélicos vêm se tornando a grande esperança por lá. O Conservative Drug Policy Reform Group, uma organização assumidamente conservadora, que advoga por uma reforma das políticas de drogas britânicas, cita diversos estudos feitos ao redor do mundo com LSD, psilocibina e MDMA com resultados positivos para dependência química. O grupo também dá destaque para a pesquisa desenvolvida pelo diretor do Instituto Phaneros, Eduardo Schenberg, PhD, em 2014, que ressalta a eficácia da ibogaína (uma substância extraída da raiz de uma planta africana) para tratar a dependência em álcool, cannabis, cocaína e crack. 

O Conservative Drug Policy Reform Group acredita que as pesquisas com essas substâncias podem se provar revolucionárias para enfrentar o problema da dependência química – além de significar uma economia drástica para os cofres públicos. O que impede essa revolução, segundo eles, é a classificação dos psicodélicos como drogas ilegais. O caminho, então, é se basear em boa ciência e nos especialistas para uma reforma dessa classificação.