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Uso de psicodélicos associado a menos casos de hipertensão?

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Muito se fala sobre o renascimento da medicina psicodélica e como esse tipo de substância pode ter efeitos positivos para pessoas com transtornos mentais. Estudos ao redor do mundo já mostraram que psicodélicos são eficazes para tratar estresse pós-traumático, depressão, dependência química e ansiedade, entre outros. Já pesquisas que apontam a relação dessas substâncias com a saúde física dos pacientes são menos propensas a ganhar manchetes científicas.

Ainda assim, uma dessas pesquisas foi divulgada recentemente, em um artigo publicado em março de 2021 na revista científica Hyperthension. Nela, pesquisadores do Imperial College London, na Inglaterra, usaram dados do censo dos EUA entre 2005 e 2014 para investigar uma possível correlação entre o uso de psicodélicos (em qualquer momento da vida) com a hipertensão. 

Os dados revelaram que havia menos casos de hipertensão entre pessoas que ingeriram psicodélicos pelo menos uma vez na vida, incluindo DMT, ayahuasca, LSD e psilocibina, que contêm triptaminas. O mesmo pôde ser verificado entre quem tomou mescalina, peyote ou o cacto San Pedro, que são à base de fenetilaminas. Ainda que os dois grupos de substâncias apontassem para a mesma direção, é interessante notar que a associação com menos hipertensão só foi estatisticamente significativa no caso das triptaminas. 

O artigo abre portas para que novos estudos sejam feitos investigando essa possibilidade, principalmente para aqueles que tentarem descobrir um elo causal entre psicodélicos e hipertensão. Por enquanto, a metodologia usada nesse estudo não permite que se estabeleça uma correlação entre os fatores, uma vez que diversos outros motivos poderiam explicar os níveis mais baixos de pressão sanguínea entre os usuários de psicoativos, especialmente sendo o achado relacionado a uso na vida, e é muito improvável que um ou poucos usos de qualquer droga levem a mudanças crônicas de pressão sanguínea.

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Holding para uma vida emocional saudável

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O conceito de “holding” foi desenvolvido por Donald Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, que se dedicou profundamente ao estudo das relações entre bebês (e crianças) e seus cuidadores. Este conceito inicialmente dizia respeito ao conjunto de cuidados físicos e psicológicos dados ao bebê na primeira infância, mas posteriormente foi ampliado para pensar o acolhimento e a sustentação do ambiente, abarcando toda a família, o grupo social etc.

A falta do holding no desenvolvimento, tanto como sustentação física nos braços, quanto como sustentação psicológica da psique da mãe, pode comprometer a constituição do senso de unidade no bebê. Isso muitas vezes acarreta em sofrimento, adoecimento emocional ou mesmo em um senso de si fragmentado, que se reflete, por exemplo, em pessoas que narram a própria vida sem continuidade, como se fosse feita de pedaços recortados, ou acontecimentos ocorridos com pessoas diferentes, que não se costuram de uma forma coesa.

Winnicott compreendia o papel do terapeuta também como a possibilidade de oferecer um vínculo e um ambiente de holding que substituísse a relação mãe-bebê. Essa função seria exercida independente da idade do paciente, afinal todos precisamos em alguma medida de nos sentirmos sustentados e reconhecidos. Segundo o psicanalista, uma vez que existe este tipo de relação, é natural que possamos desenvolver nossa criatividade, expressividade e saúde.

Na Psicoterapia Assistida por Psicodélicos, os pacientes vivenciam processos profundos e significativos, que em muitos outros contextos não seriam sustentados ou validados como subjetivamente legítimos. Nestes momentos, é fundamental um bom manejo da relação terapêutica e a sustentação do processo subjetivo, para favorecer a integração na vida do paciente. 

A PAP não é exercida exclusivamente por winnicotianos, mas certamente esses profissionais trazem aprendizados valiosos para a compreensão de detalhes sutis do setting e do vínculo terapêutico.

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NYU abre centro de pesquisa em medicina psicodélica

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Chegou a hora da Universidade de Nova York (NYU, na sigla em inglês) ter o seu próprio centro de pesquisa dedicado à medicina psicodélica. Depois de angariar US$ 10 milhões em doações, o NYU Langone Center for Psychedelic Medicine vai abrir as portas. Metade desse dinheiro veio da empresa de biotech MindMed, que produz as substâncias.

Além de focar em psiquiatria, medicina e testes pré-clínicos, o novo instituto terá um programa de pesquisa em psicodélicos para acadêmicos em início de carreira, assim como para pós-doutores, que será incluída à NYU. “Se a medicina psicodélica continuar demonstrando seu grande potencial clínico, o volume de pesquisa na área seguirá explodindo. Vamos precisar de pesquisadores com experiência para conduzir os testes. Nosso centro ajudará a atender a essa necessidade”, disse Michael P. Bogenschutz, diretor do novo centro, em entrevista à revista Forbes, em fevereiro de 2021.

Mas o centro Langone não vai servir apenas a cientistas e acadêmicos. Terapeutas interessados em conduzir tratamentos para distúrbios mentais com a ajuda de psicodélicos poderão também ser treinados por lá.

A NYU não é novata no assunto. Atualmente, a universidade já abriga dois estudos em Fase 2 com psilocibina (substância extraída dos chamados cogumelos mágicos): um para tratar abuso de álcool, e outro para depressão. A pesquisa mais avançada está em um teste com MDMA para estresse pós-traumático, que já está em Fase 3.

O NYU Langone Center for Psychedelic Medicine é apenas mais um centro de estudos dedicado aos psicodélicos aberto nos últimos tempos. Em janeiro de 2021, foi a vez da faculdade de medicina Mount Sinai, também em Nova York, abrir um instituto. Lembrando que o Center for Psychedelic and Consciousness Research, da Universidade Johns Hopkins, que produz alguns dos mais importantes estudos sobre o assunto no mundo, tem apenas um ano de idade.

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Até quando é ruim, a ayahuasca pode fazer bem

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Povos indígenas já conhecem há séculos os efeitos do famoso chá de cipó, usado tradicionalmente em cerimônias comunitárias e com atribuições ritualísticas. Os seguidores da religião do Santo Daime também se utilizam do preparado desde o início do século XX. Nos últimos anos, no entanto, a ayahuasca tem se espalhado pelas mais distintas regiões do planeta, onde vem sendo consumida por curiosos e pessoas sem contextualização prévia, interessadas apenas nas experiências psicodélicas.

Em março de 2021, um grupo de cientistas espanhóis e brasileiros publicou um artigo no Journal of Clinical Psychopharmacology que analisou os efeitos do chá em 40 participantes que o ingeriram pela primeira vez na vida. Destes, sete participantes relataram ter sentido reações psicológicas agudas e desafiadoras. Os cientistas estavam interessados em entender se pessoas que sentem efeitos desagradáveis ficariam com a mesma impressão meses depois.

Quatro dos sete entrevistados pelo grupo já apresentavam algum tipo de transtorno psiquiátrico antes da cerimônia. Dois deles relataram não sentir mais os males depois da experiência e os outros dois perceberam uma redução considerável dos seus sintomas. Esses efeitos positivos puderam ser sentidos até seis meses depois da ingestão da ayahuasca. Para os participantes, boa parte das reações negativas que sentiram ao longo da cerimônia se deu pelas condições  desfavoráveis do ritual, como mediação inapropriada ou falta de explicações. 

Com esses resultados em mãos, os pesquisadores sugerem que a ayahuasca possa apresentar efeitos positivos para as pessoas com transtornos mentais, mesmo entre alguns que tiveram experiências aversivas e desagradáveis com o cipó. O pequeníssimo número de participantes do estudo, porém, indica que ainda serão necessários muitas outras investigações sobre o assunto. O que a pesquisa mostra, no entanto, é que séculos de conhecimentos ancestrais nem sempre podem ser replicados em eventos amadores ao redor do mundo com facilidade.

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O poder dos ritos

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Os povos ameríndios já o sabem há séculos, desde tempos imemoriais. Mas só agora a ciência está chegando lá. O uso das plantas de poder, ou medicina da floresta (ou substâncias psicodélicas mesmo) é mais significativo quando dentro de um contexto comunitário. Pelo menos é isso que um grupo de pesquisa do Imperial College em Londres resolveu estudar. Os resultados saíram em janeiro de 2021 na revista Frontiers in Pharmacology. 

Os pesquisadores, liderados pelo israelense Leor Roseman, PhD, analisaram dados fornecidos online por quase 900 participantes de rituais com ayahuasca e cogumelos. Para isso, desenvolveram um questionário, chamado “Communitas Scale”, que mediu os impactos da experiência comunitária algumas semanas e dias antes e depois do evento. Os resultados confirmam que rituais realizados em grupos fazem com que as pessoas se sintam mais unidas e em pertencimento, compartilhando a experiência de serem humanas, estando conectadas entre si e aumentando o  bem estar. 

Os efeitos positivos na saúde mental foram sentidos por até quatro semanas depois dos rituais e eram mais evidentes nos casos em que participantes haviam compartilhado experiências e histórias de vida entre si. Quanto mais próxima era a relação entre os voluntários e os facilitadores das cerimônias, maior era também o impacto emocional positivo e a sensação de pertencimento.

Assim, os pesquisadores apontaram para possíveis limitações nos atuais estudos com psicodélicos, em que os pacientes passam pela experiência de maneira individual. Isso poderia restringir alguns aspectos do acontecimento e diminuir os benefícios gerados nas suas comunidades. Por outro lado, para pacientes graves e em casos específicos, como sobreviventes de abuso sexual, rituais em grupos podem ser extremamente desafiadores e talvez menos seguro. Como tudo na ciência, é importante que os métodos sejam criteriosos e confiáveis.

Primeiro estudo aponta eficácia de MDMA para tratar alcoolismo

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Estima-se que o alcoolismo atinja até 10% da população brasileira, e que mate 3 milhões de pessoas anualmente ao redor do mundo. A doença afeta não só aqueles que sofrem dela, mas todos à sua volta, o que explica o grande anseio por um tratamento que seja seguro e eficaz. Atualmente, para tentar conter o vício em álcool, pacientes recebem medicamentos para diminuir os desejos incontroláveis e as recaídas, outros remédios para reduzir a ansiedade, e participam de sessões de psicoterapia. Ainda assim, na maioria dos casos os processos não são eficazes.

Mas agora, pela primeira vez, foram publicados os resultados de um estudo que analisou a segurança e a eficácia da psicoterapia assistida por MDMA no tratamento do alcoolismo. O artigo saiu em fevereiro de 2021 no Journal of Psychopharmacology.

O estudo, conduzido pelo Imperial College London e a Universidade de Bristol, acompanhou o tratamento de 14 pacientes com histórico de alcoolismo. Todos passaram por um programa de psicoterapia especializado em abuso de álcool, incluindo duas sessões de psicoterapia assistida por MDMA, em dose de 187,5 mg, durando cerca de 8 horas cada.

Os resultados foram animadores. Nenhum evento adverso grave foi registrado e a média de consumo de álcool caiu de 130 doses por semana para 19 doses, nove meses depois da terapia.

Como o alcoolismo é uma condição psiquiátrica grave e historicamente de difícil tratamento, os resultados abrem portas para novas pesquisas, que devem ser feitas com randomização e cegamento. A pesquisa publicada em fevereiro foi feita com desenho “aberto”, o que quer dizer que tanto voluntários quanto terapeutas sabiam que os pacientes estavam recebendo MDMA. Isso pode alterar os resultados, uma vez que vieses subjetivos influenciam na maneira como pacientes e médicos se comportam. Pesquisas futuras devem ser feitas com o uso de placebo e sem que os voluntários saibam o que estão ingerindo, conhecido como metodologia duplo-cego.

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Os psicodélicos e os sinais do corpo

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A influência dos processos emocionais na saúde e no corpo sempre despertou o interesse dos psicólogos. Já no início da psicanálise, o estudo sobre a histeria trouxe importantes questionamentos sobre a relação entre a psique e os diversos processos somáticos.

Foi a partir do trabalho de Wilhelm Reich, médico e psicanalista austríaco e mais um dos muitos discípulos de Sigmund Freud, que o olhar para o corpo se aprofundou consideravelmente. Reich havia sido coordenador de um seminário sobre a Técnica Psicanalítica da Clínica de Viena por alguns anos e resolveu se debruçar sobre o estudo de casos clínicos mal sucedidos e suas possíveis justificativas.

Nesse caminho investigativo, ele ampliou o conceito de “caráter”, que ele usou para descrever padrões na forma dos pacientes estarem e interagirem com o mundo, mas também de se defenderem durante a terapia, muitas vezes dificultando o processo. Reich foi percebendo que havia uma ligação entre o “caráter” dos pacientes e a forma que seu corpo se apresentava: na postura, na qualidade do olhar, na fluidez ou rigidez dos movimentos. Ele descreveu sistematicamente os padrões de tensões musculares no corpo dos pacientes, suas influências psicológicas, bem como intervenções clínicas voltadas para dissolver tais padrões no processo analítico.

O trabalho de Reich influenciou diversas outras linhas de psicoterapia que vieram depois, como a biossíntese, a bioenergética, a biodinâmica e também a gestalt-terapia, uma vez que seu fundador, Fritz Perls, foi paciente de Reich.

Nos processos de Psicoterapia Assistida por Psicodélicos (PAP), é comum que os pacientes vivenciem processos corporais intensos, muitas vezes ligados a traumas, emoções reprimidas e tensões profundas. Um profissional com conhecimento sobre trabalhos corporais certamente terá mais ferramentas para auxiliar nesse tipo de tratamento – embora a PAP não seja praticada exclusivamente por reichianos, mas por profissionais de diversas linhas terapêuticas.

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Cogumelos mágicos para dores fantasma

phaneros cogumelos dor fantasmaPassar por uma amputação pode ser um evento traumático. Para piorar, cerca de 95% das pessoas amputadas sentem a chamada “dor fantasma” – uma dor aguda e persistente no lugar do membro operado. Tratamentos para ela, no entanto, são raros e pouco eficientes.

Mas um artigo publicado em 2018 na revista Neurocase pelo reconhecido cientista Vilayanur Ramachandran, autor do livro “Fantasmas no Cérebro”, aponta para uma terapia promissora à base de psilocibina, substância dos “cogumelos mágicos”. A pesquisa descreve o caso do paciente “AL”, um homem com fortes dores fantasma na perna amputada, que também sentia outras sensações no local, como toques, calor e picadas. Quando uma perna alheia era posicionada no lugar em que a dele deveria estar, e então recebia uma massagem, por exemplo, AL também sentia o toque, em uma espécie de “efeito espelho”.

A grande novidade ocorreu quando o paciente tomou psilocibina e passou por experimentos visuais baseados nesse efeito espelho. Uma das maiores queixas de AL era que ele ainda sentia os pinos cirúrgicos inseridos na sua perna antes da amputação. Sob efeito da psilocibina, então, AL assistiu a um voluntário simulando que estava retirando uma antena retrátil da perna (para imitar os pinos) e sentiu o mesmo acontecendo com seu membro amputado. AL passou três vezes pelo tratamento e, como consequência, relatou uma queda significativa na dor até meses depois.

Foi com base em relatos como o de AL que pesquisadores agora querem ampliar os testes com psilocibina e dores fantasmas. O Psychedelics and Health Research Initiative, da Universidade Califórnia San Diego, recebeu em fevereiro de 2021 um investimento de US$ 1,3 milhão para investigar esse tipo de tratamento. Trinta voluntários amputados passarão por estudos clínicos de três anos, baseados no procedimento desenvolvido por Ramachandran.

A esperança é que a psilocibina não aja como os analgésicos tradicionais, que precisam ser ingeridos regularmente. Em vez disso, cientistas esperam que ela possa atuar quase como uma “cura”, modificando os circuitos cerebrais responsáveis pela dor fantasma.

Curadoria: UC Sam Diego Health

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Canadá abre clínica para tratar pacientes terminais com psilocibina

Phaneros blog Canadá Clínica PsilocibinaFoi inaugurado em fevereiro de 2021 o primeiro centro especializado em Psicoterapia Assistida por Psicodélicos na província de Alberta, no Canadá. O estabelecimento recebeu o aval legal, mas ainda de alcance limitado, para abrir as portas e começar a receber pacientes terminais que estão em tratamento paliativo.

Eles serão tratados com psilocibina, substância extraída dos chamados “cogumelos mágicos”, que obteve resultados positivos em estudos científicos para aumentar o bem-estar e a qualidade de vida de pacientes terminais.

O ATMA Calgary Urban Journey Clinic tem quase 500 metros quadrados e conta com áreas para procedimentos de cura, transformação e treinamento. Isso porque o local pretende também atuar como centro de formação para psicoterapeutas interessados em se familiarizar com psicodélicos. As salas de atendimento – decoradas em tons neutros e poltronas e tapetes confortáveis – estão preparadas para terapias individuais e em grupo.

Pacientes interessados, e que atenderem os pré-requisitos estabelecidos por lei, terão que se candidatar a uma autorização especial pelo sistema de saúde público canadense, que se tornou possível em 2020. Por enquanto, a clínica está autorizada a tratar apenas pacientes com doenças terminais, como câncer, mas a esperança é que terapias parecidas com psilocibina possam também se estender a pessoas diagnosticadas com depressão, estresse pós-traumático, ansiedade e vício.

A expectativa é que o Canadá se torne um dos próximos países a legalizar tratamentos com psicodélicos em grande escala. Com a pandemia e o crescimento de distúrbios mentais em toda a população, a esperança é que essas substâncias ajudem na contenção de danos. Por enquanto, psicodélicos como a psilocibina só podem ser administrados em casos excepcionais, como na ATMA Calgary Urban Journey Clinic.

Curadoria: Psilocybinalpha.com

Phaneros Política Públicas

Ciência para boas políticas públicas

Phaneros Política PúblicasEm diversos países do mundo, o MDMA ainda é classificado como uma substância “schedule 1”, ou seja, uma molécula sem potencial terapêutico e com alta probabilidade de abuso. No entanto, nos últimos anos, desde a chamada “renascença psicodélica”, a ciência  vem mostrando que o MDMA apresenta baixo risco à saúde dos usuários, e que a substância associada à psicoterapia pode ser eficaz para o tratamento de pacientes com transtorno do estresse pós-traumático, por exemplo.

Na Holanda, no entanto, vem crescendo a preocupação em torno do MDMA, que está sendo associado a um aumento da criminalidade no país. Por isso, pesquisadores holandeses se reuniram em um painel interdisciplinar com especialistas de diferentes áreas do conhecimento, com o intuito de reformular a política de MDMA holandesa com base em evidências científicas.

O resultado foi publicado no Journal of Psychopharmacology em fevereiro de 2021, e tentou criar diretrizes para o país europeu – embora tenha considerado o MDMA e o ecstasy como substâncias sinônimas, o que elas não são. Cerca de 50% do ecstasy consumido ilicitamente sequer contém MDMA, e já foram identificados mais de 500 contaminantes em sua composição.

Os pesquisadores usaram um modelo complexo de análise multicritério e multidimensional, e chegaram a 22 instrumentos de política pública para as áreas da saúde, segurança e economia. As propostas incluem diretrizes para a venda do MDMA, redução dos danos à saúde, diminuição do crime organizado, e até a redução dos efeitos negativos ao meio ambiente. São recomendações que incluem a regulamentação da venda da substância de maneira parecida com a de outros fármacos, inclusive com um preço tabelado, e a proibição da propaganda e da venda para menores de idade, entre outros. O modelo ainda prevê aumento nas receitas do Estado com base na taxação.

A ideia é que o trabalho possa servir para o desenvolvimento de uma nova política de MDMA baseada em evidências científicas. Os autores acreditam que esse seria um modelo robusto o suficiente para ser aplicado em outros países também.

Curadoria: SAGE journals