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Webinário exclusivo com Dr. Gabor Maté

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Um dos mais importantes médicos e especialistas em saúde mental do mundo, o Dr. Gabor Maté, vai conversar na quinta-feira, dia 4 de novembro de 2021, com o presidente do conselho do Instituto Phaneros, Lourenço Bustani. A conversa (em inglês) acontecerá das 17h às 18:30, horário de Brasília, em formato de webinário, e será aberta e de graça a todos os interessados.

O Dr. Gabor Maté é um clínico geral húngaro-canadense, que passou anos atendendo em cuidados paliativos, especialmente de pacientes com dependência química, HIV e transtornos mentais. Desde os anos 2010, passou também a estudar os efeitos e benefícios das cerimônias de ayahuasca, o chá psicodélico ingerido por comunidades tradicionais amazônicas. Essas pesquisas fizeram com que ele fosse ameaçado de prisão pelo governo canadense, que o advertiu por estar se utilizando de uma “droga ilegal”. Ele também é o idealizador do documentário “The Wisdom of Trauma”, com milhões de espectadores ao redor do mundo.  

Durante a conversa do dia 4, serão abordados alguns dos temas mais atuais que envolvem saúde mental – desde aos mais latentes, como os impactos da pandemia, do distanciamento social e da crescente desigualdade de renda sobre a psique humana até uma discussão sobre a aparente saúde mental dos líderes políticos e econômicos da atualidade. 

O Dr. Maté é reconhecido por suas pesquisas interdisciplinares. Assuntos como a simbiose entre saúde mental e a ansiedade gerada pelo aquecimento global, ou os efeitos da epigenética e das experiências traumáticas sobre o desenvolvimento da mente também devem aparecer no debate promovido pelo Instituto. 

Os participantes terão a oportunidade de fazer perguntas. Fique atento para mais informações! 

LINK: bit.ly/mandalah-gabormate 

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Medicalização psicodélica: quando a mudança coletiva é vendida como individual

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Há milênios os psicodélicos têm sido utilizados em práticas culturais, religiosas e xamânicas. Nesses contextos, é comum que o uso das substâncias esteja associado a manifestações corporais, cosmovisões e crenças comunitárias partilhadas e continuamente refletidas pelos povos praticantes. No entanto, de algumas décadas para cá, os psicodélicos vêm ocupando progressivamente o status de “medicamento”, como os tantos outros disponíveis na farmacopéia ocidental. 

Essa transformação cultural em torno do uso dos psicodélicos, que passa de uma perspectiva xamânica para uma farmacológica, é liderada por pesquisas científicas, instituições de mídia e discursos de autoridades governamentais sobre drogas. 

Em artigo publicado em junho deste ano, Alex Gearin, da Xiamen University, e Nese Devenot, da Case Western Reserve University, discutem algumas das implicações que o conhecimento científico e a narrativa médica atual estão provocando em torno do uso dos psicodélicos.

A noção já muito difundida na comunidade científica internacional, de que os transtornos mentais seriam problemas de ordem cerebral, com alguma manifestação psicológica, sem levar em conta todos os processos culturais e sociais envolvidos em seu desenvolvimento, tem contribuído para a ideia de que os psicodélicos seriam meramente “corretores” do cérebro humano, sendo as experiências místicas meros apêndices da ação biológica dos psicodélicos.

O artigo ressalta como o próprio termo, “psicodélico”, com seu significado latino, “manifestação da mente”, coloca a terapia psicodélica dentro dessa noção de que o transtorno estaria na mente do paciente. Esse paradigma individualista é o modelo explicativo dominante das doenças mentais na psiquiatria psicodélica contemporânea, que atualmente parece ignorar as causas sistêmicas do sofrimento e carece de integração com abordagens de cura baseadas em apoio comunitário, bem-estar coletivo e transformação da realidade social.

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Psilocibina parece ter efeito positivo sobre a criatividade

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Em um estudo recente publicado na revista Translational Psychiatry, um grupo de cientistas da Universidade de Maastricht, na Holanda, demonstrou o efeito do uso da psilocibina, o princípio ativo dos famosos cogumelos mágicos, sobre o pensamento criativo dos participantes. 

Ao longo da história, existem diversos relatos individuais sobre o aumento da criatividade causada por psicodélicos, mas pouquíssimos experimentos controlados haviam sido feitos para testar essa hipótese. 

A pesquisa reforçou a ideia de que existem duas formas de manifestação da cognição criativa: a deliberada e a espontânea. A cognição criativa deliberada aparece quando alguém está focado em realizar um conjunto específico de passos, em uma situação guiada ou cronometrada (como, por exemplo, ao escrever uma redação ou inventar um prato de cozinha profissional.). Ela exige mais atenção do indivíduo, bem como mais racionalização e planejamento. 

Já a cognição criativa espontânea tende a ocorrer quando a atenção está mais desfocada, com pensamentos mais aleatórios, não filtrados – um estado mental supostamente mais semelhante ao estado psicodélico. 

Os dados da pesquisa parecem sugerir que a psilocibina foi capaz de aumentar agudamente o potencial para o pensamento criativo espontâneo, ao mesmo tempo em que diminuiu drasticamente o potencial para a cognição criativa deliberada, pelo menos na fase aguda do efeito da substância.

Atualmente, já se sabe que a criatividade costuma depender de um equilíbrio entre a cognição criativa deliberada e a espontânea e, nesse quesito, a psilocibina parece ter levado ainda mais vantagem. Durante a sessão psicodélica, a psilocibina interrompeu a interação entre essas duas cognições mas, depois de finalizada, esse equilíbrio foi restaurado. Isso se tornou evidente pelo número crescente de novas ideias que os participantes foram capazes de ter, uma semana após a sessão, ainda que quantidade de ideias não necessariamente se traduza em utilidade.

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Revista Time elege tratamento psicodélico como uma das inovações mais importantes do último ano

 

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Em junho de 2021, a revista americana Time resolveu elaborar uma lista bem-humorada chamada “As 10 descobertas mais importantes da área da saúde que você perdeu por causa da pandemia”. Entre descobertas muito surpreendentes – como uma droga que aparentemente é eficaz para tratar obesidade, uma forma revolucionária de impedir que o mosquito Aedes aegypti transmita dengue, e até um embrião quimérico que mistura genes humanos com os de outros grandes primatas – estavam lá também os últimos avanços feitos com psicodélicos. 

O texto da Time:

“No ano passado, os psicoativos começaram realmente a se estabelecer como tratamentos de saúde mental de primeira linha. Em um estudo de abril, publicado no New England Journal of Medicine, 59 pacientes com depressão foram divididos em dois grupos: um recebeu psilocibina (princípio ativos dos cogumelos mágicos); o outro recebeu escitalopram (um inibidor de recaptação de serotonina já utilizado na psiquiatria há anos). Ambos receberam acompanhamento psicoterapêutico com o tratamento. Ao final do período de seis semanas de estudo, as pessoas do grupo da psilocibina tiveram melhor desempenho em uma auto-avaliação do que as que receberam o escitalopram – embora a diferença estatística fosse tímida. 

Em um estudo não relacionado, publicado na Nature Medicine em maio, 90 pessoas que sofriam de transtorno de estresse pós-traumático foram divididas de forma semelhante em dois grupos, um dos quais recebeu três doses de MDMA. O outro recebeu placebo. A conclusão: 67% das pessoas que haviam tomado MDMA não preenchiam mais os critérios para um diagnóstico de trauma, comparado com 32% do grupo de placebo. Múltiplas startups – incluindo Cybin com base no Canadá e Compass Pathway com base no Reino Unido – estão trabalhando para comercializar o uso de psicoativos para fins terapêuticos.”