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Tratamentos psicodélicos ganham anúncio na Times Square

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Poucas coisas são tão simbólicas de sucesso do que ter o seu produto estampado na famosa Times Square, em Nova York. Nessa rua, que é o centro comercial e empresarial da maior metrópole dos EUA, outdoors e telões multicoloridos anunciam suas marcas para as milhares de pessoas que passam por lá todos os dias. E essa foi a vez dos psicodélicos.

Entre 26 de setembro e 3 de outubro de 2021, a revista @doubleblindmag, uma publicação semestral dedicada exclusivamente ao mundo dos psicodélicos, comprou um anúncio na Times Square, com foco em “plantas medicinais”, que pretende “estimular um debate sobre a cura”. O outdoor foi patrocinado também pela Honeysuckle Magazine, Musings Magazine e Rainbo Mushrooms, e é o primeiro da história dos EUA com foco em psicodélicos. 

O anúncio convida as pessoas a tirar uma foto do painel luminoso e compartilhá-la nas redes sociais com a hashtag #celebrateplantmedicine (celebre a medicina baseada em plantas). A ideia é que as pessoas compartilhem histórias de como os psicodélicos mudaram as suas vidas. 

Mas a iniciativa também tem seus problemas. A foto usada no outdoor, por exemplo, mostra um grupo de indígenas em vestimentas tradicionais, sem dar nenhum tipo de contexto. Como se sabe, há diversas sociedades indígenas – incluindo várias no Brasil – que usam psicodélicos como o cipó ayahuasca ou o cacto peyote em seus rituais sagrados. 

Há muitas críticas de que a renascença psicodélica atual esteja capitalizando sobre esses conhecimentos tradicionais, interessada apenas em substâncias alucinógenas que possam ser facilmente comercializadas e render lucros, sem levar em consideração o contexto ritualístico necessário para uma experiência positiva. Por essa perspectiva, o outdoor na Times Square se torna mais um exemplo desse controverso movimento de expansão mundial dos psicodélicos, que pode aumentar o fluxo de turismo em regiões indígenas, o que sempre carrega complicações e riscos, especialmente durante uma pandemia.

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Pelo direito de tratamentos experimentais para transtornos mentais

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Desde a pandemia de HIV, que assolou o mundo na década de 1980 e 1990, tornou-se praxe disponibilizar tratamentos e remédios experimentais (que ainda não foram totalmente aprovados pelas agências regulatórias) para pacientes em estado grave. Então por que a medicina não está fazendo o mesmo agora, autorizando terapias psicodélicas promissoras para pacientes com transtornos mentais? É isso o que defende um artigo publicado em julho de 2021, na Frontiers in Psychiatry, por Morgan Campbell, do departamento de psiquiatria do Delaware Division of Substance Abuse and Mental Health, e Monnica Williams, da Universidade de Ottawa.

Os autores argumentam que os pacientes de doenças mentais não são tratados da mesma forma que pacientes com outros males, como câncer ou doenças infecciosas. Para eles, não há justificativa ética para essa diferenciação. Se substâncias psicodélicas vêm mostrando resultados promissores em estudos ao redor do mundo, porque não podem ser ministradas para pessoas em estado grave de, digamos, depressão, ansiedade ou estresse pós-traumático?

Essa discussão se torna ainda mais importante no contexto atual. Como se sabe, juntamente com uma pandemia de Covid-19, o mundo está passando por desafios crescentes em saúde mental, oriundos do medo de adoecer, da insegurança econômica e do isolamento social. Segundo os autores, o número de americanos que reportaram sofrer de ansiedade e depressão saltou de 10% a 40% no último ano. Como justificar o não tratamento dessas pessoas?

O artigo relembra o caso do ativista Larry Kramer que, em 1988, depois de ver diversos amigos sucumbirem à Aids, denunciou o governo e as agências regulatórias americanas de estarem contribuindo para o aumento de mortes, ao negar o acesso de terapias novas aos pacientes com HIV. Para os autores, os argumentos incisivos de Kramer são válidos agora também, especialmente um: “Estamos no meio de uma p**** de uma peste!”, dizia ele. Quanto mais podemos esperar?

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Revista americana chama a psilocibina de “a maior revolução psiquiátrica desde o Prozac”

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Uma das mais tradicionais revistas semanais de notícias dos EUA, a @newsweek, dedicou a capa da edição de 22 de setembro de 2021 aos cogumelos mágicos. Estampado em letras garrafais, ao lado de fotos de nove cogumelos, lê-se o título “Um novo tratamento para a depressão”. E, se ainda restava dúvidas sobre a empolgação da publicação com o assunto, o autor, Adam Piore, é ainda mais enfático no texto: diz que a psilocibina (o princípio ativo desses cogumelos) poderá se revelar o maior avanço para a saúde mental desde a invenção do Prozac.

A revista acompanhou um dos voluntários de uma pesquisa feita na Universidade Johns Hopkins e publicada no ano passado na revista JAMA Psychiatry. Nela, Aaron Presley, de 34 anos, que por anos sofreu de uma depressão tão grave que o impossibilitava de sair da cama, recebeu dosagens altas de psilocibina acompanhadas por psicoterapia. Durante os efeitos da substância, ele teve visões de si durante a infância e se sentiu amado como há muito não o fazia. Depois da experiência, sua depressão regrediu consideravelmente. Esse mesmo estudo concluiu que a psilocibina era quatro vezes mais eficiente do que os antidepressivos tradicionais. 

De um modo geral, a revista traz um grande apanhado da história dos psicodélicos – de seus usos tradicionais em comunidades indígenas ao redor do mundo, ao boom de usuários recreativos no Ocidente que acabou levando à proibição dessas drogas, até chegar aos dias atuais, em que essas substâncias passaram a ser vistas como a grande promessa da psiquiatria. 

Boa parte da reportagem é dedicada a entender os efeitos dos psicodélicos no nosso cérebro. Entre eles, a maneira como são capazes de dissolver a percepção de ego e também a teoria de que essas substâncias seriam capazes de reprogramar as conexões cerebrais ou literalmente regenerar neurônios.

O destaque dado pela Newsweek ao assunto é mais um momento importante na mudança de atitude das pessoas em relação a essas substâncias. As informações contidas na reportagem, no entanto, você, que acompanha o trabalho do Instituto Phaneros, já deve conhecer há tempos 😉

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Esta semana na Comunidade: Dra. Nicole Galvão-Coelho

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Nesta semana a Comunidade Phaneros receberá mais uma convidada incrível! Desta vez será a Dra. Nicole Leite Galvão-Coelho, professora adjunta do Departamento de Fisiologia & Comportamento (UFRN), NICM Health Research Institute (Western Sydney University). A pesquisadora vem se dedicando ao estudo de tratamentos complementares (terapias corpo-mente) e alternativos (psicodélicos) para transtornos de humor, com foco no potencial antidepressivo da ayahuasca.

Autora de diversos artigos científicos, irá apresentar um pouco das suas pesquisas com ayahuasca, um tema cada vez mais relevante no Brasil e no mundo. Mais e mais pessoas têm buscado essa experiência, mais pacientes têm chegado ao consultório com esta demanda e a ciência tem evidenciado os benefícios da ayahuasca para a saúde mental.

A Comunidade Phaneros é um grupo de estudos com encontros semanais, onde os mais de 400 membros têm acesso a sessões com convidados especiais, filmes, livros e artigos ligados aos psicodélicos. 

Se você também se interessa pelo assunto e pretende ter acesso direto a pesquisadores de ponta, podendo interagir e fazer perguntas ao vivo, acompanhe a nossa página e aguarde o próximo período de inscrições!

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Governo americano vai financiar pesquisa com psicodélicos para tratar vício em cigarro

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Um nome importante da ciência psicodélica atual, o Dr. Matthew W. Johnson, professor de psiquiatria e ciências comportamentais da @hopkinsmedicine, anunciou ontem em seu twitter um acontecimento histórico: o governo federal americano decidiu financiar uma de suas pesquisas com psilocibina (o princípio ativo dos cogumelos mágicos) para tratar o vício em cigarros. Segundo o professor, é a primeira vez em mais de cinquenta anos, desde que os psicodélicos entraram para a lista de drogas ilegais, que um estudo clínico com um psicodélico clássico será patrocinado pelo governo americano.

O dinheiro vai vir do NIDA (National Institute on Drug Abuse, um instituto de pesquisa público que estuda o consumo de drogas com o objetivo de melhorar a saúde da população) e a investigação será feita em três centros de excelência dos EUA. Além da Johns Hopkins, que vai liderar o projeto, a pesquisa será conduzida também na Universidade de Nova York e na Universidade de Alabama em Birmingham.

O cenário é promissor. Estudos anteriores conduzidos pelo próprio Dr. Johnson na mesma universidade apontam que a psilocibina parece ser eficiente para diminuir o consumo de cigarro. Um deles, feito com 15 voluntários, apontou que 80% deles tinham largado o hábito seis meses depois da pesquisa – um feito muito maior do que o alcançado pelo medicamento mais eficiente em uso hoje em dia, que foi de 35%.

A discussão em torno do financiamento público da pesquisa com psicodélica não é de hoje. Nossos parceiros da @mapsnews, por exemplo, já defendem a ideia há anos. A ideia é que o dinheiro do estado sirva como uma forma de regular o desenvolvimento de novos medicamentos e terapias. Ele ajudaria a evitar, por exemplo, que novas empresas de biotecnologia, voltadas a ganhos financeiros, passem por cima de medidas de segurança durante os estudos, ou que sejam menos cautelosos em suas pesquisas, a fim de acelerar os processos e passar a lucrar com possíveis novos remédios. 

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Revista Scientific American: psicodélicos são a grande aposta para doenças mentais

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Um artigo de opinião publicado em 14 de setembro de 2021 na revista Scientific American classificou as substâncias psicodélicas como a maior inovação no mundo da psiquiatria atualmente. O texto foi assinado por Danielle Schlosser, psicóloga e professora da Universidade da Califórnia em São Francisco, e por Thomas R. Insel, psiquiatra que dirigiu o National Institute of Mental Health dos EUA entre 2002 e 2015. 

Schlosser e Insel destacam a forma revolucionária com a qual os tratamentos psicodélicos funcionam para tratar depressão, trauma ou ansiedade. Ao contrário dos antidepressivos comuns, que demoram semanas ou meses para fazer efeito – e que na verdade não curam as doenças, apenas tratam os sintomas -, psicodélicos como a psilocibina ou o MDMA precisam ser ingeridos apenas poucas vezes para gerar resultados até mesmo melhores. Isso poderia indicar que essas substâncias realmente alteram a forma como os pacientes enxergam o mundo.

Resultados tão rápidos são especialmente inesperados em transtornos mentais, que costumam ser difíceis de tratar. Segundo o artigo, um terço dos pacientes com depressão grave e persistente não responde aos tratamentos convencionais. Isso, por sua vez, se torna um problema de saúde pública. Imagine poder oferecer tratamentos eficazes para esse grupo? É isso que a renascença psicodélica parece estar prometendo. 

Para os autores, a criminalização dessas substâncias ainda na década de 1970 atrasou a ciência por décadas. Comunidades científicas ao redor do mundo agora estão tendo de correr atrás do tempo. Nesse sentido, segundo os autores, urge a necessidade de revisar o status de ilegalidade dos psicodélicos.

Um artigo tão contundente como esse na Scientific American apenas corrobora a importância que essas substâncias vêm ganhando. A revista é uma das mais importantes do mundo em sua área, e circula sem parar há 176 anos, desde 1845. Em suas páginas, já foram publicados artigos de cientistas renomados, como Albert Einstein, Linus Pauling e J. Robert Oppenheimer.

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Polícia desmontou cultivo de cogumelos em Porto Alegre

 

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A polícia civil do Rio Grande do Sul descobriu e interceptou um laboratório de cultivo de cogumelos na região norte da cidade de Porto Alegre em junho deste ano. Dentro de uma casa residencial, um pai e um filho estavam cultivando os chamados “cogumelos mágicos”. A ação fez parte da Operação Leprechaun (em referência ao duende vestido de verde do folclore irlandês), que investiga o tráfico de drogas sintéticas.

Dentro da casa, foram encontrados insumos, estufas, diversos telefones celulares, balanças de precisão e até dois revólveres com 20 munições. Havia um local para o cultivo dos cogumelos e também uma espécie de laboratório para encapsulamento do material desidratado. A polícia declarou que os dois acusados já trabalhavam na operação há pelo menos um ano e meio. 

Resta saber se, de fato, o material comercializado continha ou não psilocibina e/ou psilocina, os princípios ativos destes cogumelos. Esta distinção é importante pois as moléculas estão nas listas de substâncias proscritas no Brasil, enquanto os próprios cogumelos não fazem parte das substâncias controladas, como acontece no caso da cannabis sativa, sendo a própria planta proscrita.

O material era vendido online em forma de cápsulas. Chamou a atenção da polícia a clientela de alto poder aquisitivo da dupla, que pagava entre R$ 200 e R$ 1400 por cada unidade.

O fato de a clientela dos psicodélicos ser formada justamente por pessoas de classes sociais mais elevadas faz com que sejam muito mais raras as operações policiais que foquem no combate dessas substâncias. As ações costumam se concentrar no tráfico de drogas de drogas mais “populares”, como a maconha, o crack ou até mesmo a cocaína. É essa distinção que torna a guerra às drogas um combate também às pessoas mais marginalizadas da sociedade: jovens pobres e negros, por exemplo.

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Esta semana na Comunidade Phaneros: o trabalho de Claudio Naranjo

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Claudio Naranjo foi um psiquiatra chileno, da linha da Gestalt-terapia, pioneiro no estudo dos potenciais terapêuticos dos psicodélicos. Além da psiquiatra, ele também se dedicou profundamente ao estudo da música, da meditação e da espiritualidade, temas bastante pertinentes para o trabalho com substâncias psicodélicas.

No seu livro mais recente, “Minhas Explorações Psicodélicas: O Poder Curativo e o Potencial Transformador das Substâncias Psicodélicas” (em tradução livre), o autor conta sua longa história com essas  substâncias. Naranjo era muito próximo do químico americano Alexander “Sasha” Shulgin, e até participou do seu grupo de experimentação com novas substâncias. No livro, Naranjo também relata suas experiências com outras menos usuais, como o MDA, a harmalina, entre outras.

Claudio desenvolveu trabalhos terapêuticos em grupo e logo se deu conta da importância da educação e formação para capacitar profissionais a desenvolverem esse tipo de trabalho. No livro, ele também discute alguns pontos importantes na jornada formativa daqueles que pretendem exercer a prática.

Nesta semana na Comunidade Phaneros, conversaremos conjuntamente sobre o livro e as reflexões despertadas por ele. A Comunidade é um grupo de estudos com mais de 400 profissionais interessados em temas relacionados ao mundo dos psicodélicos, que se reúne semanalmente para dialogar sobre livros, filmes, artigos científicos e muito mais. 

Se você quer participar da Comunidade Phaneros, acompanhe a página e fique de olho no próximo período de inscrições!

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Pensilvânia quer autorizar testes com psilocibina

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Mais um estado norte-americano está trilhando o caminho rumo à regulamentação dos psicodélicos. Dessa vez, foi a Pensilvânia, estado vizinho de Nova York, no qual uma proposta de lei que promete autorizar estudos com psilocibina (a substância ativa dos chamados cogumelos mágicos) para tratar estresse pós-traumático e outros transtornos mentais deve chegar à Assembleia Legislativa.

A emenda na lei é focada em veteranos de guerra e primeiro-socorristas, dois grupos altamente propensos a apresentar traumas ao longo da vida. Surpreendentemente, a nova proposta já nasceu bipartidária: foi apresentada pela deputada Tracy Pennycuick, do partido republicano, e por Jennifer O’Mara, dos democratas. A ideia é que o estado comece a produzir psilocibina de forma legalizada.

“Os gastos totais do Governo Federal com pesquisas e tratamentos para transtornos mentais e abuso de substâncias foi mais de US$ 1 trilhão entre 2010 e 2019 – e isso não impediu que as taxas de morte por consequência desses males tenha saltado de 94 mil ao ano para 150 mil. O fardo é especialmente pesado para os nossos veteranos de guerra. Sua taxa de suicídio é 1,5 vezes maior do que a da população em geral, e estima-se que 20 veteranos cometam suicídio todos os dias nos EUA”, diz o texto do projeto de lei.

Se a ideia chegar à votação, será apenas mais um passo na verdadeira revolução jurídica que os psicodélicos estão vivendo nos EUA. Os estados do Oregon, Washington, Califórnia, Iowa e Nova York, entre outros, já autorizaram tratamentos psicodélicos e por vezes até o consumo. O Texas, tradicionalmente conservador, também está a um passo da regulamentação.

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Journal Club: A importância da Integração Psicodélica

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Sempre que falamos das terapias psicodélicas, para reduzir riscos e maximizar benefícios é importante lembrar da preparação e da integração das experiências. A preparação diz respeito ao que antecede a experiência em si e a integração ao momento posterior ao efeito da substância, onde os insights e transformações começarão a se organizar na vida cotidiana. Como explicamos no Curso Psicodélicos e Saúde Mental, existem vários detalhes e cuidados que devem ser respeitados nestas duas fases.

Nesta semana na Comunidade Phaneros trataremos da integração, um termo já usado a bastante tempo pelos profissionais do campo, mas que só recentemente teve artigos científicos realmente dedicados ao assunto. Até então, os estudiosos mais próximos do tema sabiam bem como a integração ocorria e se potencializava – através de técnicas artísticas, roleplay, sandplay, entre outros – mas não era tão claro para aqueles que tomaram conhecimento da prática mais recentemente.

O artigo desta semana ajuda a compreender a prática da integração e foi escolhido em votação dentre três opções voltadas ao mesmo tópico. Os mais de 400 membros da Comunidade Phaneros tem a opção de escolher os artigos, filmes e livros discutidos nos encontros semanais sobre temas ligados aos psicodélicos.

Se quiser saber mais, acompanhe a nossa página e não perca o próximo período de inscrições da Comunidade!