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A volta do LSD (e a chegada das pró-drogas) no Brasil

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Um artigo publicado na revista Forensic Science International por pesquisadores brasileiros olhou para um fenômeno recente no cenário de psicoativos no país: a volta do consumo de LSD por aqui, além da primeira apreensão de uma pró-droga no Brasil. De acordo com o estudo, foram encontradas amostras de papel contendo pró-drogas derivados de LSD, incluindo o inédito ALD-52. Pró-drogas são substâncias a princípio inativas, mas que, uma vez ingeridas, sofrem transformações pelo metabolismo humano que os tornam ativos, inclusive assumindo características psicodélicas.

Os autores – Luiz Ferreira Neves Junior, André Luis Fabris, Ingrid Lopes Barbosa, Júlio de Carvalho Ponce, Aline Franco Martins, José Luiz Costa e Mauricio Yonamine, afiliados ao Instituto de Criminalística de São Paulo, à USP e à Unicamp – confirmam a chegada dessa nova droga sintética em território brasileiro. O prof. Mauricio Yonamice, da USP, é velho conhecido do presidente do Instituto Phaneros, Eduardo Schenberg: ele colaborou com o pós-doutorado de Eduardo sobre ayahuasca.

Os pesquisadores explicam que o LSD chegou a ser popular por aqui nos anos 1960, no mesmo período em que foi “homenageado” pelos Beatles em sua música “Lucy in the Sky with Diamonds” – composição, aliás, que serviu de inspiração para o artigo, “Lucy is back in Brazil with a new dress” (Lucy está de volta ao Brasil de vestido novo). Nos últimos anos, o psicodélico anda se popularizando novamente.

Para comprovar que a substância encontrada nas amostras apreendidas se tratava de uma pró-droga ainda não registrado por aqui, os cientistas analisaram os papéis por meio de três processos distintos: cromatografia gasosa–espectrometria de massa, espectrofotómetro de transformação de Fourier e cromatografia líquida. Foi assim que concluíram que a substância se tratava do ALD-52. Dentro do corpo humano, o ALD-52 é metabolizado e se transforma em LSD. A pró-droga não é controlado pela legislação brasileira, o que facilitaria para ele passar batido pelas autoridades.

O que o uso de psicodélicos tem a ver com a conexão com a natureza

Um recente estudo brasileiro, publicado em agosto de 2022 no Journal of Psychoactive Drugs, e liderado pelos pesquisadores Marcio Longo, Bheatrix Bienemann e Daniel Mograbi, da PUC-Rio, com colaboração do presidente do Instituto Phaneros, Eduardo Schenberg, PhD, analisou a relação que usuários de diversas substâncias têm com a natureza. O artigo, baseado em uma pesquisa conduzida pela internet com quase 300 voluntários sobre hábitos de consumo de drogas, concluiu que aqueles que usam psicodélicos como a ayahuasca, a psilocibina dos cogumelos mágicos e o LSD se dizem também mais conectados com o mundo natural.

O estudo analisou o consumo de ayahuasca, psilocibina, LSD, MDMA, cannabis, cocaína e álcool, mas foi com a ayahuasca que os participantes disseram ter se sentido mais em harmonia com a natureza. Isso pode se dever ao fato de que, na maior parte dos casos, a substância foi ingerida dentro de um contexto comunitário e religioso. 

Diversas pesquisas já mostraram a relação entre psicodélicos e o contato com a natureza, uma vez que essas substâncias também tendem a tornar seus usuários mais abertos a novas experiências, mais conectados com o mundo ao redor e mais espiritualizados. Há indícios também de que quem consome essas substâncias também se preocupa mais com a conservação do planeta e do meio ambiente. A maior parte dos estudos anteriores foi conduzida em países desenvolvidos e de língua inglesa e demonstrar essa associação também entre habitantes de um país de média renda é uma novidade do estudo brasileiro.

Há, porém, limitações metodológicas na pesquisa. Por se tratar de uma pesquisa online, os participantes não são representativos da população brasileira. 60% dos respondentes eram mulheres, 79% eram brancos e quase um terço dos voluntários tinham renda mensal entre 10 e 20 salários mínimos – o que indica um forte recorte de classe no estudo. Ainda assim, trata-se de uma conclusão interessante, ainda mais em um país com enormes e urgentes questões ambientais como o Brasil.

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Nova substância sintética perigosa está sendo vendida como LSD na Austrália

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Quem ingere substâncias sintéticas obtidas por vias ilegais muitas vezes não sabe o risco que está correndo: aquilo que se recebe raramente corresponde ao que foi comprado. Agora, o departamento de saúde do estado australiano de Victoria lançou um aviso: uma nova droga sintética em forma de pó está sendo vendida no mercado ilegal como LSD – e está causando uma série de internações e casos graves de intoxicação.

A substância, chamada 25B-NBOH, tem propriedades estimulantes e psicodélicas, e assemelha-se a outra, chamada de “nova feniletilamina”, ou 25B-NBOMe. A nova versão, no entanto, parece ser mais turbinada. Sua lista de efeitos é enorme e inclui: visões distorcidas, alterações de pensamento, náusea, dor de cabeça, dificuldade de urinar e movimentos involuntários. Em casos extremos, leva a convulsões, agitação extrema, danos aos rins, aumento perigoso da temperatura corporal e morte, alertam as autoridades australianas.

A 25B-NBOH é especialmente perigosa por ser extremamente potente: bastam pequenas doses para que os efeitos apareçam. Já foram registrados diversos casos de internações hospitalares em Victoria por conta dela. 

Não é comum que o LSD seja vendido em forma de pó, embora aconteça. O Departamento de Saúde de Victoria alerta que a 25B-NBOH é mais nociva quando inalada, injetada ou ingerida de forma sublingual – e que misturá-la com outros estimulantes, como o MDMA, é ainda mais perigoso. Para todos os casos, a agência recomenda que a população esteja ciente de que possa estar ingerindo 25B-NBOH no lugar de LSD, e que nunca comece ingerindo substâncias sintéticas em doses altas.