Em diversos países do mundo, o MDMA ainda é classificado como uma substância “schedule 1”, ou seja, uma molécula sem potencial terapêutico e com alta probabilidade de abuso. No entanto, nos últimos anos, desde a chamada “renascença psicodélica”, a ciência vem mostrando que o MDMA apresenta baixo risco à saúde dos usuários, e que a substância associada à psicoterapia pode ser eficaz para o tratamento de pacientes com transtorno do estresse pós-traumático, por exemplo.
Na Holanda, no entanto, vem crescendo a preocupação em torno do MDMA, que está sendo associado a um aumento da criminalidade no país. Por isso, pesquisadores holandeses se reuniram em um painel interdisciplinar com especialistas de diferentes áreas do conhecimento, com o intuito de reformular a política de MDMA holandesa com base em evidências científicas.
O resultado foi publicado no Journal of Psychopharmacology em fevereiro de 2021, e tentou criar diretrizes para o país europeu – embora tenha considerado o MDMA e o ecstasy como substâncias sinônimas, o que elas não são. Cerca de 50% do ecstasy consumido ilicitamente sequer contém MDMA, e já foram identificados mais de 500 contaminantes em sua composição.
Os pesquisadores usaram um modelo complexo de análise multicritério e multidimensional, e chegaram a 22 instrumentos de política pública para as áreas da saúde, segurança e economia. As propostas incluem diretrizes para a venda do MDMA, redução dos danos à saúde, diminuição do crime organizado, e até a redução dos efeitos negativos ao meio ambiente. São recomendações que incluem a regulamentação da venda da substância de maneira parecida com a de outros fármacos, inclusive com um preço tabelado, e a proibição da propaganda e da venda para menores de idade, entre outros. O modelo ainda prevê aumento nas receitas do Estado com base na taxação.
A ideia é que o trabalho possa servir para o desenvolvimento de uma nova política de MDMA baseada em evidências científicas. Os autores acreditam que esse seria um modelo robusto o suficiente para ser aplicado em outros países também.
Curadoria: SAGE journals

Os últimos anos têm testemunhado uma verdadeira onda de pesquisas científicas indicando que substâncias psicodélicas como o MDMA, a psilocibina (dos cogumelos mágicos), o LSD e a DMT (encontrada na ayahuasca) possam ser surpreendentemente eficientes para tratar distúrbios mentais. A lista de males que parecem responder bem aos tratamentos psicodélicos é imensa: vai da depressão ao estresse pós-traumático, do vício ao medo da morte em doenças terminais.
Ninguém gosta de sofrer, e isso faz com que muitos recorram à chamada “esquiva experiencial” para lidar com os desconfortos da vida. O termo foi popularizado a partir do trabalho de Steven Hayes, psicólogo americano, e se refere à evitação de sentimentos, pensamentos ou sensações subjetivas.
O conceito de arquétipos se popularizou no século XX, graças ao trabalho do suíço Carl Gustav Jung. Jung foi um psiquiatra e psicanalista discípulo de Sigmund Freud, que fundou sua própria abordagem, a Psicologia Analítica. A palavra é formada pelos radicais “arché” e “tipós”, que significam respectivamente “princípio/primordial” e “tipo/marca”. Assim, o arquétipo seria uma espécie de “modelo ou forma primordial”.
Imagine um antidepressivo capaz de resolver 70% dos casos graves em apenas duas doses de medicamento, acompanhadas por sessões de terapia?
UTIs lotadas. Hospitais de campanha montados à pressa. Doentes esperando por leitos, outros agonizando por falta de oxigênio. Poucos equipamentos de proteção. Se as cenas mais dramáticas da pandemia de Covid-19 estão sendo traumatizantes para nós, do público em geral, imagine para quem a enfrenta na linha de frente? Especialistas já contam com níveis altos de transtorno de estresse pós-traumático entre profissionais da área da saúde em geral. Não à toa, espera-se que as ciências psicodélicas foquem sua atenção na pesquisa para tratar esse transtorno.



