Poucos assuntos andam tão aquecidos no mundo da psiquiatria quanto as terapias psicodélicas. Há um aspecto nos estudos feitos com essas substâncias, porém, que ainda está deixando a desejar: o perfil etnográfico e social dos voluntários.
Já é sabido há décadas que boa parte dos transtornos mentais – como dependência em álcool, estresse pós-traumático ou depressão – têm incidência maior entre grupos raciais e sociais minoritários, como populações pobres, negras e indígenas. Ainda assim, a maior parte dos participantes de estudos psicodélicos segue sendo branca.
Essa distorção foi tema de um artigo publicado no site da Universidade Wisconsin-Madison. Para lidar com o problema, três pesquisadores da Universidade, Cody Wenthur, Paul Hutson e Olayinka Shiyanbola, estão liderando um projeto de pesquisa com o intuito de aumentar a representatividade em estudos clínicos.
“À medida que drogas ainda consideradas ilegais, como os psicodélicos, estão entrando nos estudos clínicos, temos de reconhecer as dinâmicas sociais envolvidas no consumo de drogas e identificar que certos grupos demográficos passam por um escrutínio legal muito maior do que a maioria da população”, disse Cody Wenthur. Ele se refere, é claro, à perseguição, e encarceramento desproporcional de populações negras e periféricas, por exemplo.
No Brasil, a situação é particularmente importante dada a alta prevalência de transtornos entre indígenas, de onde grande parte do conhecimento sobre plantas, como a ayahuasca se origina. Essas sociedades, porém, não vêm sendo incluídas nos estudos feitos em universidades brasileiras.
No Instituto Phaneros estamos começando a desenhar nossas estratégias de acessibilidade e justiça social para contribuir com soluções a estas questões.
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