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Revista Science inclui terapia psicodélica na lista de grandes avanços científicos de 2021

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A Science é uma das mais importantes publicações científicas do mundo. Todo ano, ela escolhe os mais promissores e revolucionários avanços da ciência nos últimos doze meses – e, em 2021, uma terapia psicodélica entrou para a lista. Foi o artigo publicado em maio na revista Nature Medicine, que mostrou que a psicoterapia assistida por MDMA é eficaz no tratamento do estresse pós-traumático.

A revista ressalta o rigor científico da pesquisa com MDMA. Destaca, por exemplo, que se tratou de um estudo clínico randomizado e controlado, que indicou que esse psicodélico pode, de fato, curar pacientes com traumas. Para quem não se lembra, o artigo publicado na Nature Medicine, e elaborado por nossos parceiros da @mapsnews, mostrou que 67% dos voluntários que receberam psicoterapia assistida por MDMA deixaram de apresentar os sintomas de estresse pós-traumático depois de apenas dois meses, contra 32% no grupo que tomou placebo. Um resultado como esse raramente é alcançado no campo da psiquiatria. O Instituto Phaneros, aliás, também conduz pesquisas com essas substâncias e pessoas que sofrem de trauma.

A Science, porém, também lembra as dificuldades metodológicas da pesquisa psicodélica. Ela menciona o desafio que é desenvolver testes duplo cego com esse tipo de substância, uma vez que quase todos os voluntários conseguem discernir se recebeu MDMA ou placebo. No caso da pesquisa publicada em maio, 90% deles acertaram que tipo de medicamento receberam. 

A lista da Science conta sempre com uma inovação que leva o prêmio principal – que neste ano foi para uma Inteligência Artificial capaz de prever a estrutura em 3D de qualquer proteína a partir dos seus aminoácidos – e nove finalistas, onde se inclui a terapia de MDMA. Houve ainda uma votação popular entre os leitores que, em 2021, coincidiu com a escolha editorial da revista.

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Proposta de lei quer aprovar o uso medicinal da psilocibina em Nova York

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Um deputado estadual do partido democrata de Nova York, Pat Burke, apresentou no começo da semana um projeto de lei que pretende regulamentar e facilitar o acesso a tratamentos médicos com psilocibina no estado. O argumento central é criar ferramentas para lidar com a crescente incidência de transtornos mentais na população.

A proposta prevê fornecer aos pacientes uma “credencial” oficial com duração de um ano para que possam comprar de forma legal a psilocibina, o princípio ativo dos chamados cogumelos mágicos. Cada usuário terá de ser avaliado por um cuidador autorizado. 

Além de prever uma forma de acesso oficial, o projeto também cria uma série de agências reguladoras públicas para supervisionar o consumo da substância. Isso inclui um novo conselho médico dedicado à psilocibina, dentro da secretaria de saúde de Nova York, para avaliar os efeitos do novo tratamento, e centros de terapia, onde as pessoas possam consumir a droga em um ambiente seguro e sob a supervisão de terapeutas qualificados. A proposta também prevê a formação de centros de pesquisa que possam conduzir estudos clínicos e testar a eficácia e segurança da psilocibina.

Além disso, a nova lei quer criar um fundo de US$ 2 milhões para fornecer tratamento a veteranos de guerra, bombeiros, policiais e socorristas – público especialmente afetado por traumas e outros males psicológicos. “Criar uma medida ampla para fornecer esse tratamento aos novaiorquinos significaria um passo monumental para melhorar a saúde mental e qualidade de vida de seus habitantes”, diz o texto da lei.

A iniciativa é a terceira proposta que tenta regulamentar o uso de psilocibina para transtornos mentais no estado. Por enquanto, a ambiciosa ideia ainda está na comissão de saúde da Assembleia Legislativa de Nova York.

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A um passo do financiamento público para a pesquisa psicodélica

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Não é de hoje que nossos parceiros da @mapsnews promovem campanhas e tentam conscientizar o público americano da importância de se conseguir financiamento público para a pesquisa psicodélica. O que é novidade, porém, é que essa possibilidade agora está mais perto de se tornar real.

Um projeto de lei que foi aprovado pelo Congresso americano no fim de julho de 2021 prevê um aumento dos recursos federais para a área da saúde. Diversas agências, entre elas o Department of Health and Human Services, deverão receber o dinheiro de acordo com o texto. Embora o projeto não cite nominalmente os psicodélicos, o relatório que o acompanha diz explicitamente que o governo deveria investir em pesquisas feitas com esse tipo de substância, especialmente voltadas para veteranos de guerra.

“… nosso comitê está preocupado que mais de 17 veteranos continuem cometendo suicídio todos os dias nos EUA. Há diversos estudos e testes clínicos recentes que demonstram o impacto positivo de terapias alternativas, inclusive com psicodélicos, para tratar casos resistentes de estresse pós-traumático e depressão. Dessa forma, o comitê encoraja o uso de recursos federais para promover e expandir terapias psicodélicas”, diz o texto. 

O projeto ainda precisa ser aprovado pelo Senado – mas foi visto com bons olhos pela MAPS. Quase todas as pesquisas já feitas com psicodélicos nos EUA foram financiadas por filantropia. O financiamento público serviria para evitar que novas empresas de biotecnologia, voltadas a ganhos financeiros, passem por cima de medidas de segurança durante os estudos, ou que sejam menos cautelosos em suas pesquisas, a fim de acelerar os processos e passar a lucrar com possíveis novos remédios. Outro risco é o interesse dessas empresas em patentear rapidamente qualquer nova substância relacionada a psicodélicos, o que nem sempre está de acordo com o interesse público ou o avanço consciente da ciência. Financiamento público, então, seria uma opção de praticar a medicina com mais ética e segurança.

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Medicalização psicodélica: quando a mudança coletiva é vendida como individual

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Há milênios os psicodélicos têm sido utilizados em práticas culturais, religiosas e xamânicas. Nesses contextos, é comum que o uso das substâncias esteja associado a manifestações corporais, cosmovisões e crenças comunitárias partilhadas e continuamente refletidas pelos povos praticantes. No entanto, de algumas décadas para cá, os psicodélicos vêm ocupando progressivamente o status de “medicamento”, como os tantos outros disponíveis na farmacopéia ocidental. 

Essa transformação cultural em torno do uso dos psicodélicos, que passa de uma perspectiva xamânica para uma farmacológica, é liderada por pesquisas científicas, instituições de mídia e discursos de autoridades governamentais sobre drogas. 

Em artigo publicado em junho deste ano, Alex Gearin, da Xiamen University, e Nese Devenot, da Case Western Reserve University, discutem algumas das implicações que o conhecimento científico e a narrativa médica atual estão provocando em torno do uso dos psicodélicos.

A noção já muito difundida na comunidade científica internacional, de que os transtornos mentais seriam problemas de ordem cerebral, com alguma manifestação psicológica, sem levar em conta todos os processos culturais e sociais envolvidos em seu desenvolvimento, tem contribuído para a ideia de que os psicodélicos seriam meramente “corretores” do cérebro humano, sendo as experiências místicas meros apêndices da ação biológica dos psicodélicos.

O artigo ressalta como o próprio termo, “psicodélico”, com seu significado latino, “manifestação da mente”, coloca a terapia psicodélica dentro dessa noção de que o transtorno estaria na mente do paciente. Esse paradigma individualista é o modelo explicativo dominante das doenças mentais na psiquiatria psicodélica contemporânea, que atualmente parece ignorar as causas sistêmicas do sofrimento e carece de integração com abordagens de cura baseadas em apoio comunitário, bem-estar coletivo e transformação da realidade social.

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Um curso para futuros pesquisadores de psicodélicos

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A saúde mental promete ser o grande desafio do século XXI. Juntamente com a pandemia de Covid-19, estamos vivendo também uma proliferação de casos de transtornos mentais – principalmente de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. No Brasil, onde o vírus se alastrou de forma implacável, não é diferente. Não há quem tenha passado pelos últimos dois anos incólume – seja por medo da doença, pelo luto de uma pessoa querida, por dificuldades financeiras.

Dentro desse contexto, cresce a necessidade de novos tratamentos psiquiátricos eficazes e seguros – algo que os psicodélicos parecem estar prometendo. As pesquisas na área são bastante animadoras mas, junto com elas, surge também a demanda por profissionais qualificados para conduzi-las e acompanhar as Psicoterapias Assistidas por Psicodélicos (PAP).

Ao redor do mundo, a ideia de cursos de que formam pesquisadores especializados em PAP não é nova. Nossos parceiros da @mapsnews, por exemplo, são pioneiros no assunto. Mas há também formações organizadas pela @mind_europe, a @fluencetraining e o Usona Institute – que também colaboram com o Phaneros. 

Felizmente, o Brasil é um dos países que está desenvolvendo estudos próprios na área – com participação, inclusive, do diretor do Instituto Phaneros, Eduardo Schenberg, PhD. Para que os estudos possam continuar sendo desenvolvidos por aqui, é crucial que o país também possa contar com pesquisadores formados na área. 

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