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A Alemanha a um passo de legalizar a maconha

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A Alemanha deverá ser o próximo país a descriminalizar a cannabis. O novo governo de coalizão que está sendo formado no momento por lá declarou em novembro que entrou em acordo para trabalhar rumo à legislação da substância no país. Até o momento, a Alemanha tem uma política confusa em relação à maconha: é permitido fumá-la, mas não portar ou vender a droga. A única forma de se comprar a erva, por enquanto, é para fins medicinais e dentro de um rigoroso processo burocrático.

A proposta do novo governo – que é formado pela colaboração do partido verde, do social-democrata e dos liberais – é que se torne legal consumir e vender cannabis para fins recreativos, dentro de ambientes licenciados pelo governo. Os partidos verde e liberal já vinham há anos se declarando a favor da medida. 

Segundo informações apuradas pela revista Der Spiegel, a política de redução de danos será a forma prioritária para lidar com a questão das drogas no país. A ideia é que, depois de implantada a nova lei, sejam feitas avaliações de impacto para medir seus efeitos na sociedade.

Ao mesmo tempo em que a cannabis será legalizada, deverão também se tornar mais restritivas as campanhas de propaganda para álcool, cigarro e maconha. “As regulamentações deverão ser guiadas por novas descobertas científicas que, por sua vez, irão virar políticas públicas para a área da saúde”, diz o relatório emitido pelo governo de coalizão, ao qual o Der Spiegel teve acesso. 

A ideia, a longo prazo, é que a venda e compra de cannabis por formas controladas acabem estrangulando o mercado ilegal, o que traria mais segurança para os jovens e maior oportunidade de criar ações de prevenção ao vício. Segundo a revista, para os partidos, também trata-se de uma questão moral: é simplesmente errado criminalizar os milhões de consumidores de maconha.

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Novo instituto psicodélico na Austrália quer fazer pesquisas com ayahuasca

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Mais um centro de pesquisa psicodélica está abrindo as portas. Dessa vez, do outro lado do mundo, em Melbourne, na Austrália. O Psychae Institute, que promete ser um polo de colaboração entre cientistas de todos os continentes, recebeu US$ 40 milhões de uma biotech americana que preferiu não ser identificada. Além de elaborar pesquisas com psilocibina (princípio ativo dos cogumelos mágicos) e MDMA, o Psychae Institute pretende conduzir testes com DMT (psicodélico presente no amazônico chá de ayahuasca). 

A Austrália permite que se faça pesquisa científica sem aprovação oficial, apenas com notificações regulatórias e a autorização de um comitê de ética. Entre os colaboradores do instituto está o renomado professor David Nutt, do Imperial College London. Eles esperam também trabalhar em conjunto com estudos clínicos sendo feitos no Reino Unido, no Canadá, na Europa e no Brasil. “Esperamos que a colaboração entre pesquisadores psicodélicos de ponta acelere os nossos processos”, disse ao jornal The Age o professor Daniel Perkins, da Swinburne University, co-diretor da Psychae.

Juntamente com o outro co-diretor do instituto, Jerome Sarris, Perkins é o autor de um artigo que indica que o uso de ayahuasca pode estar associado a uma queda no abuso de álcool e outras drogas, em uma pesquisa que foi liderada pela Universidade de Melbourne. Daí o interesse em elaborar um estudo clínico com DMT.

De acordo com Daniel Perkins, muitas pessoas sofrendo de transtornos mentais estão recorrendo à automedicação com psicodélicos, o que pode ser perigoso. Outra tendência, segundo ele, é viajar para regiões amazônicas para participar de rituais locais com ayahuasca. Dentro desse contexto, mais um centro que promete conduzir pesquisas com todo rigor científico, é sempre bem-vindo.

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Essa semana na Comunidade: “Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera”

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“Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera” é um belíssimo filme dirigido pelo coreano Kim Ki-duk. Ele retrata a relação entre um monge budista e seu discípulo, e é uma meditação sofisticada sobre os caprichos da condição humana refletidos nas estações do ano da natureza. 

O protagonista tenta escapar das incertezas do universo mundano para mergulhar nas profundezas de sua própria alma, e apesar de sua existência isolada, o mundo exterior inevitavelmente bate à porta, lembrando-nos de que o desapego só pode ser verdadeiramente o estado de espírito de um coração disposto. Cada uma das cinco temporadas mencionadas no título do filme representa um estágio na vida de um homem e as lições associadas que ele deve aprender.

O filme transmite uma beleza transcendental toda própria, elevando a alma com sua estética elegante e atemporal, através do amor e do mal, à iluminação e finalmente ao renascimento, sutil e silenciosamente observada pelo olhar impassível de um buda.

Meditações profundas sobre a condição humana são experiências recorrentes no trabalho com #psicodélicos, e alguns paralelos podem ser encontrados na filosofia budista, que permeia a narrativa do filme. Temas considerados pilares do budismo como a não-dualidade, o apego e o vazio se fazem presentes nas descrições de jornadas psicodélicas, que são vistas e reconhecidas como temas universais.

Os membros da nossa Comunidade elegeram “Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera”  como tema do encontro desta quinta-feira que será mais descontraído. A Comunidade Phaneros é um grupo de estudos que se reúne semanalmente para conversar sobre assuntos  relacionados aos psicodélicos. A proposta é dialogar conjuntamente depois da exibição do filme, tendo assistido com uma postura aberta e de aceitação das sensações, importante para aqueles que vivenciam uma experiência psicodélica, mas também para aqueles que pretendem um dia acompanhar pacientes nesse contexto. 

Se você quer se tornar membro da Comunidade, acompanhe a nossa página e fique atento, estamos nos preparando para o próximo período de inscrições!

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Pesquisa aponta: Brasil tem a pior política de drogas do mundo

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Uma pesquisa inédita, feita pela primeira vez com 30 países, indicou: o Brasil possui a pior política de drogas do mundo. O Global Drug Policy Index foi publicado no domingo, 8 de novembro, e aponta que o nosso país foca muito mais na repreensão ao tráfico e consumo de drogas do que nos impactos que elas causam na saúde pública.

Com o resultado, o Brasil ficou atrás de países como Uganda, Afeganistão e até a Indonésia, onde o tráfico de drogas pode levar à pena de morte. Na ponta do ranking estão os campeões de sempre: Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido. Portugal também está entre os líderes, em terceiro lugar, uma vez que, por lá, o sistema de controle de drogas fica inserido no de saúde pública. 

A pesquisa organizada pelo projeto Harm Reduction Consortium deu pontuações de 0 a 100 para critérios como descriminalização de substâncias, a existência de pena de morte, políticas de redução de danos e a proporcionalidade entre os crimes e as penas. Somando todos os critérios, ficamos com apenas 26 pontos no total, contra Uganda (28 pontos) e Indonésia (29).

De fato, o Brasil, como sua guerra violenta e infrutífera contra o crime organizado, assim como o encarceramento em massa (principalmente da juventude negra e pobre) por porte de drogas em pequenas quantidades, além de cadeias superlotadas e com abusos de direitos humanos, está longe de servir de exemplo.

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Primeira formação em Pesquisa

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Hoje é um dia muito especial para nós, do Instituto Phaneros. Chegou a hora de anunciar a primeira Formação em Pesquisa com Psicoterapia Assistida por Psicodélicos (FoPAP) do Brasil, que será organizada por nós, já em 2022!

A FoPAP, com até dois anos de duração, vai habilitar terapeutas e profissionais da área da saúde para tratar pacientes por meio da Psicoterapia Assistida com Psicodélicos (PAP), dentro dos protocolos de pesquisa do Instituto Phaneros. Ou seja, vai formar terapeutas para que conduzam estudos científicos que ajudem a avançar o conhecimento sobre essas substâncias, colaborando para o desenvolvimento deste campo no Brasil. A Formação contará com um extenso estudo teórico do assunto, além de módulos práticos para os alunos.

O curso é o primeiro do tipo no Brasil, embora já seja uma realidade em outros países, como nos EUA e na Europa. Por se tratar de uma área do conhecimento relativamente nova, há poucas pessoas com experiência prática capazes de atender pacientes em busca de tratamentos psicodélicos ou voluntários dispostos a participar de estudos científicos. A Formação em Pesquisa com Psicoterapia Assistida por Psicodélicos faz parte de um plano do Phaneros de ampliar o atendimento de pacientes, além do escopo das pesquisas psicodélicas feitas no Brasil.

Ficou interessado? Então cadastre-se em nosso site (link na bio do instagram) para receber mais informações diretamente em sua caixa de mensagens! Em breve, teremos um evento para apresentar o programa da FoPAP, quem serão os professores e instituições colaboradoras, além de divulgar os detalhes do processo seletivo, que terá início ainda este mês.

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Webinário exclusivo com Dr. Gabor Maté

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Um dos mais importantes médicos e especialistas em saúde mental do mundo, o Dr. Gabor Maté, vai conversar na quinta-feira, dia 4 de novembro de 2021, com o presidente do conselho do Instituto Phaneros, Lourenço Bustani. A conversa (em inglês) acontecerá das 17h às 18:30, horário de Brasília, em formato de webinário, e será aberta e de graça a todos os interessados.

O Dr. Gabor Maté é um clínico geral húngaro-canadense, que passou anos atendendo em cuidados paliativos, especialmente de pacientes com dependência química, HIV e transtornos mentais. Desde os anos 2010, passou também a estudar os efeitos e benefícios das cerimônias de ayahuasca, o chá psicodélico ingerido por comunidades tradicionais amazônicas. Essas pesquisas fizeram com que ele fosse ameaçado de prisão pelo governo canadense, que o advertiu por estar se utilizando de uma “droga ilegal”. Ele também é o idealizador do documentário “The Wisdom of Trauma”, com milhões de espectadores ao redor do mundo.  

Durante a conversa do dia 4, serão abordados alguns dos temas mais atuais que envolvem saúde mental – desde aos mais latentes, como os impactos da pandemia, do distanciamento social e da crescente desigualdade de renda sobre a psique humana até uma discussão sobre a aparente saúde mental dos líderes políticos e econômicos da atualidade. 

O Dr. Maté é reconhecido por suas pesquisas interdisciplinares. Assuntos como a simbiose entre saúde mental e a ansiedade gerada pelo aquecimento global, ou os efeitos da epigenética e das experiências traumáticas sobre o desenvolvimento da mente também devem aparecer no debate promovido pelo Instituto. 

Os participantes terão a oportunidade de fazer perguntas. Fique atento para mais informações! 

LINK: bit.ly/mandalah-gabormate 

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Essa semana na Comunidade: uma conversa com Leor Roseman, PhD

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A ayahuasca e os psicodélicos podem ajudar na mediação de conflitos e no desenvolvimento de uma cultura de paz? Essa é uma das perguntas norteadoras da pesquisa mais recente do Dr. Leor Roseman, nosso convidado da semana na Comunidade Phaneros.

Antes de focar na ayahuasca, o  pesquisador do Imperial College London já havia se  dedicado a estudar correlatos neurais da experiência psicodélica, aplicações terapêuticas da psilocibina para depressão e os potenciais psicossociais dos psicodélicos. Formado em Tel-Aviv, em Israel, Roseman investiga atualmente o potencial da ayahuasca em cerimônias que reúnem palestinos e israelenses.

Nesta semana na Comunidade Phaneros, teremos a presença do Dr. Leor Roseman, que apresentará um pouco do seu trabalho. Ele também estará disponível para interagir com os membros da Comunidade e responder perguntas ao vivo.

A Comunidade Phaneros é um grupo de estudos que já reúne mais de 400 membros interessados em psicodélicos e saúde mental. O grupo se reúne semanalmente para dialogar com convidados especiais, como nesta semana – mas também para aprofundar o aprendizado por meio  de livros, filmes e artigos científicos.

Se você quer saber mais sobre o assunto e participar da Comunidade Phaneros, acompanhe nossa página e aguarde o próximo período de inscrições! 

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Experiências místicas e seu papel nos tratamentos psicodélicos

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Na comunidade científica psicodélica, é comum o argumento de que não seria relevante ou necessário estudar as experiências místicas (EMs) que costumam acompanhar o uso dessas substâncias a fim de entender seu papel terapêutico. No entanto, a tentativa de retirar o misticismo da ciência psicodélica é, no mínimo, uma tendência que não faz jus à profundidade e à complexidade do tópico. Esse é o argumento central de Joost Breeksema e Michiel van Elk, cientistas da Leiden University, em um artigo publicado em julho de 2021. 

Os pesquisadores argumentam que o reconhecimento da complexa variedade de “estranhezas” das experiências psicodélicas deveria estar no cerne de qualquer programa de pesquisa minimamente sério sobre o tópico. Os autores também destacam a rica tradição de ferramentas científicas para estudar EMs, e a sua relevância para a compreensão dos efeitos terapêuticos dos psicodélicos.

Ferramentas como o Questionário de Experiência Mística (MEQ) e a Escala das 5 Dimensões de Estados Alterados de Consciência (5D-ASC) têm se mostrado valiosas no mapeamento da fenomenologia induzida por psicodélicos. Ao lado dessas escalas padronizadas, os métodos de pesquisa qualitativa são particularmente úteis para estudar as experiências, usando técnicas como entrevistas em profundidade, observação participante e microfenomenologia, que ajudam a explorar o que foi vivido  em detalhes mais precisos.

Um número crescente de pesquisadores interessados ​​no potencial terapêutico dos psicodélicos busca categorizar as EMs enquanto “efeitos colaterais” completamente irrelevantes. Outros, no entanto, apontam para a relevância  da experiência subjetiva. Embora esse debate ainda não esteja terminado, vale ressaltar a importância do contexto cultural, tanto para levar (ou não) em consideração  essas experiências, quanto para entender sociedades  que questionam até mesmo a divisão entre místico/ordinário ou transcendente/imanente.

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Medicalização psicodélica: quando a mudança coletiva é vendida como individual

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Há milênios os psicodélicos têm sido utilizados em práticas culturais, religiosas e xamânicas. Nesses contextos, é comum que o uso das substâncias esteja associado a manifestações corporais, cosmovisões e crenças comunitárias partilhadas e continuamente refletidas pelos povos praticantes. No entanto, de algumas décadas para cá, os psicodélicos vêm ocupando progressivamente o status de “medicamento”, como os tantos outros disponíveis na farmacopéia ocidental. 

Essa transformação cultural em torno do uso dos psicodélicos, que passa de uma perspectiva xamânica para uma farmacológica, é liderada por pesquisas científicas, instituições de mídia e discursos de autoridades governamentais sobre drogas. 

Em artigo publicado em junho deste ano, Alex Gearin, da Xiamen University, e Nese Devenot, da Case Western Reserve University, discutem algumas das implicações que o conhecimento científico e a narrativa médica atual estão provocando em torno do uso dos psicodélicos.

A noção já muito difundida na comunidade científica internacional, de que os transtornos mentais seriam problemas de ordem cerebral, com alguma manifestação psicológica, sem levar em conta todos os processos culturais e sociais envolvidos em seu desenvolvimento, tem contribuído para a ideia de que os psicodélicos seriam meramente “corretores” do cérebro humano, sendo as experiências místicas meros apêndices da ação biológica dos psicodélicos.

O artigo ressalta como o próprio termo, “psicodélico”, com seu significado latino, “manifestação da mente”, coloca a terapia psicodélica dentro dessa noção de que o transtorno estaria na mente do paciente. Esse paradigma individualista é o modelo explicativo dominante das doenças mentais na psiquiatria psicodélica contemporânea, que atualmente parece ignorar as causas sistêmicas do sofrimento e carece de integração com abordagens de cura baseadas em apoio comunitário, bem-estar coletivo e transformação da realidade social.

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Esta semana na Comunidade: Wilhelm Reich

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Wilhelm Reich foi um médico e psicanalista austríaco do início do século XX que se dedicou a estudar  temas como a política, a educação, a sexualidade, o cosmos, as estruturas de personalidade, o corpo e muitos outros. Este último tema, podemos considerar que é um dos seus grande diferenciais da psicanálise clássica, na qual geralmente se evitava o toque entre analista e paciente.

O seu trabalho de escuta e observação do corpo dos analisandos levou ao desenvolvimento de técnicas de intervenção e elaboração que posteriormente vieram a inspirar várias correntes terapêuticas. Reich descreveu, por exemplo, a presença de tensões crônicas e sua relação com padrões psicológicos e maneiras de se relacionar com o mundo, bem como maneiras para dissolver esta tensão na terapia.

A Psicoterapia Assistida por Psicodélicos (PAP) tem ressurgido como um campo com enorme potencial na saúde mental. Em experiências psicodélicas é comum que o sujeito vivencie fenômenos que podem ser compreendidos à luz da obra reichiana. Alguns exemplos são tremores internos sutis relacionados a traumas passados e liberação de tensões crônicas com conteúdos psicossomáticos associados. 

Nesta semana na Comunidade Phaneros, teremos os colegas Alexandre Barreto e Marco Spivack conversando um pouco sobre Reich, os neo-reichianos e suas contribuições para a PAP. A Comunidade Phaneros é um grupo com mais de 400 membros interessados em psicodélicos e saúde mental, com encontros semanais sobre artigos científicos, filmes, livros, abordagens terapêuticas e muito mais.

Se você se interessa por psicodélicos e quer fazer parte deste grupo de estudos, fique atento ao próximo período de inscrições da Comunidade!